Retrato falado: o poder angolano de A a Z: Miala e Nandó



NANDÓ (72 ANOS). 


Um dos rostos com poderes, de facto, e de jure na corte do regime de Luanda. Já exerceu todas as funções governativas e no quadro da Defesa e Segurança do Estado. Foi uma das peças no tabuleiro de José Eduardo dos Santos nas vãs tentativas de vir a suceder-lhe. Acontece, porém, que o ex-Presidente preferiu repassar o poder a João Lourenço, aquele que teve audácia em manifestar a sua ambição de chegar à Cidade Alta. Na Assembleia Nacional, onde a sua voz põe de sentido qualquer parlamentar, ‘Nandó’ preside à 'casa das leis' há 12 anos, 10 dos quais ininterruptos. Já foi primeiro-ministro entre 2002 e 2008. Astuto, em matéria de saber esperar pela sua vez, já foi o número dois da República (vice-presidente), cargo que exerceu entre 2010 e 2012. Quando pensava que era chagada a sua hora, Eduardo dos Santos puxou-lhe o «tapete vermelho» para dar lugar a Manuel Vicente, que, sem experiência ou militância política reconhecida, estava a ser preparado para assumir o poder. ‘Nandó’ teve de 'engolir o sapo' e conformar-se com uma função de consolação, o de presidente do Parlamento. Primo de Ana Dias Lourenço, fácil se consegue perceber as razões de ter servido de pilar do actual Presidente, seu cunhado, na sua luta anticorrupção e na desarticulação da teia militar que se mostravam indefectíveis ao ex-Presidente, José Eduardo dos Santos. Aos 72 anos, estando na posição 6 na lista de candidatos a deputados, a retirada da vida política activa é algo para o qual Fernando da Piedade Dias dos Santos não tem nos planos imediatos... 






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FERNANDO GARCIA MIALA (63 ANOS). 


Fez uma longa travessia no deserto, depois de condenado a quatro anos por insubordinação em 2007. Cumpriu a pena. Alguns dos seus colaboradores directos tinham sido igualmente condenados, um dos quais Constantino Vitiaka, que desempenhava a função de director de Informação e Análise do Serviço de Inteligência Externa (SIE), tendo acabado por morrer em circunstâncias estranhas num quarto de hotel na África do Sul. A 12 de Março de 2018, o cérebro do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE) foi reabilitado por João Lourenço para reativar o papel central das secretas. É sob o seu gabinete que recaem as responsabilidades de seguir os rastos das operações fraudulentas que culminaram com o saque dos recursos do País nos últimos 20 anos. À Deutsche Welle (emissora pública internacional da Alemanha), um antigo quadro sénior da secreta angolana, Isomar Pedro Gomes, tinha considerado a escolha de Miala “um bom indicativo” de que João Lourenço pretendia “pôr ordem na casa”: “Miala foi a primeira pessoa que denunciou os desvios dos dinheiros vindos da China, no tempo de José Eduardo dos Santos, quando ele (Miala) implica José Van-Dúnem e o general Kopelipa e outros indivíduos”. Daí que familiares do ex-Presidente, com destaque para ex-deputada Welwiltschia dos Santos ‘Tchizé’, o acusam de ser o homem por detrás do arresto dos bens ligados aos familiares e antigos colaboradores directos de Eduardo dos Santos. Tem acesso directo ao Chefe de Estado. É, no fundo, o homem que vigia todos os poderes, incluindo o próprio Presidente.


Nelson Francisco Sul | Novo Jornal 




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