Um homem poderoso e muito rico. Várias vezes governador e ministro, esse general, natural de Calulo, província costeira do Kwanza Sul, demonstrou, uma vez mais, não ser um 'general do Futungo das Belas', como costumava dizer o finado líder fundador da UNITA, Jonas Savimbi, referindo-se a alguns generais das forças governamentais que comandavam as operações militares a partir dos gabinetes em Luanda. Teve sempre a fama de ser um general com 'peito alto', um general de gatilho, que sempre esteve no terreno com as suas tropas e, por conta disso, Savimbi nutria simpatia por ele. Tal como em ocasiões anteriores, o filho do 'velho' Luís Lopes Carneiro fez novamente jus à alcunha que carrega. Quando os procuradores da Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP) avançaram com um expediente criminal contra sua pessoa, sobre um alegado desvio de fundos do Governo Provincial de Luanda, o actual deputado do MPLA encontrava-se no estrangeiro.
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Erro crasso foi os procuradores terem tocado na sua família. A filha, Yolanda Carneiro, que se encontrava em estado de gestação, foi submetida a várias sessões de interrogatórios durante horas. Carneiro não gostou. Conhecendo como ninguém como funciona a estrutura política e de justiça do País, propôs uma moeda de troca: que ilibassem a filha e a autorizassem a abandonar o País, em troca do seu regresso. E foi o que aconteceu. O general Higino regressou ao País, apresentou-se à Justiça, foi interrogado e constituído arguido, mas o processo acabou arquivado pela Câmara Criminal do Tribunal Supremo. Motivo: no seu depoimento, o general 'peito alto' indicou que não recebeu nenhum tostão das empresas arroladas no processo, pelo contrário, as instituições financiaram a campanha eleitoral do MPLA, cujo coordenador responde pelo nome de João Lourenço. No final, tendo em conta as eleições que se avizinham, ainda acabou agraciado com um prêmio: foi colocado na 3.ª posição da lista de candidatos a deputados pelo círculo provincial de Luanda. Luís Carneiro, pai de Higino, disse uma vez aos amigos: "O meu filho vai ser também Presidente e general (tal como o seu chará, o general Higino Craveiro Lopes, o décimo segundo presidente da República Portuguesa, entre 1951 e 1958).
Nelson Francisco Sul | Novo Jornal
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