Poder da Política- Sousa Jamba



Em Agosto, Angola vai decidir que irá controlar o poder político. O poder está em todo o lado e influencia tudo. Mesmo aquele que diz que não está interessado na política, que quer levar a sua vida no cantinho, é afetado pela política. É um imperativo que cidadão vote para influenciar o poder político no seu país. 


Um fenômeno que muito me interessou é o poderio econômico  que empresários da África Ocidental  e do corno de África vão ganhando no nosso país. Há quem não pare de insultar futuros deputados por causa dos seus futuros Lexus e salários; para os empresários da África Ocidental isto é nada! 


Existe uma política em Angola que não favorece os empresários locais. 


No interior de Malanje, em Banjangola, encontrei que as lojas principais pertenciam a um Chadiano. Ele é os seus próximos Mauritanianos etc não vendiam apenas bens importados mais também artigos produzidos em Angola. 




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No centro da cidade do Luena encontrei um Mauritaniano que vendia, até, alho; ele me disse que os locais não tinham nada na cabeça e que a sua obsessão era beber álcool e fornicar — a história e preconceitos de sempre!


No Lumbala Nguimbo, Luena, há o negócio de transporte de pessoal para a Zâmbia, especialmente o Mongu,  — onde há escolas, hospitais, supermercados, etc. No Lumbala Nguimbo, há empresários com Toyotas Land Cruisers capazes de aguentar o troço arenoso entre Ninda e Kalabo na Zâmbia. Este é um negócio que dá muito bem. Calculei na altura que quem comprasse um Land Cruiser faria mais dinheiro do que alguem com um avião pequeno de passageiros.


Os Mauritanianos e Malianos no Lumbala Nguimbo viram a grande possibilidade do negócio do transporte de pessoal para a Zâmbia e compraram uma frota de Land Cruisers, o que não agradou os operadores indígenas. Isto resultou em confrontos físicos; o jovem que me levou do Lumbala Nguimbo ao posto fronteiriço de Malundo, num Land Cruiser antigo que foi comprado com a junção de fundos de vários amigos, tinha passado alguns meses na cadeia por ter sido parte do grupo que lutou contra a entrada de Africanos Ocidentais naquele negócio. O Mbinga, como se chamava, não parava de reclamar que os Africanos Ocidentais tinham muita vantagem. 


 

A grande vantagem dos Africanos Ocidentais em Angola é que eles operam com a ajuda de uma espécie de crédito comercial. Há um grossista com um armazém em Luanda que envia os retalhistas para as províncias. Lá, eles alugam as lojas/edifícios que pertencem a figuras com conexões políticas. Naquele arranjo, passa a não ser conveniente para os políticos verem o surgimento de um empresariado local. 


No posto fronteiriço de Mulundo vê-se logo um bom exemplo de como a política influencia as vidas dos cidadãos. Do lado Zambiano há arrozais como se estivéssemos na Ásia; no lado Angolano não há mesmo nada. O rio Ninda, fonte de água para os arrozais na Zâmbia, têm a sua origem em Angola.


Da fronteira de Shikongo na Zâmbia até ao Mongu não se vê uma única loja a ser operada por alguém da África Ocidental; no Mongu, todos negócios são de Zambianos, que etnicamente são iguaizinhos aos do Luena. Como é quente um lado há alcoólatras preguiçosos viciados em sexo e do outro empresários engenhosos e criativos? Os estereótipos ofuscam muita coisa. Mas temos aqui situações cujo entendimento só é possível se olharmos atentamente a dinâmica do poder político


No oeste da  Zâmbia houve uma política de desenvolver a região. Os empresários locais, as autoridades tradicionais, pressionaram o governo a criar infraestruturas para dar um impulso às iniciativas empresariais locais. O banco central autorizou, por exemplo, o surgimento de várias iniciativas locais de microfinanciamento; os fundos para isto tudo são privados, o que faz com que os mesmos sejam geridos com muito rigor. 


Há, sim, bancos no lado Angolano — mas estes servem principalmente para darem os salários aos locais e não para darem empréstimos aos empresários locais.


Os empresários da África Ocidental fazem o seu  dinheiro que mandam para a sua terra. Claro que eles gostariam de manter gostariam de manter o status-quo; o actual clima político em Angola é muito favorável aos comerciantes da África Ocidental. 


O próximo de Angola, liderado por Adalberto Costa Júnior, vai precisar de um departamento especialmente dedicado aos pequenos empresários. Do Luena á fronteira da Zâmbia, quando parava nas aldeias, visitava as lojas dos Angolanos. Os Mauritaniano na sua loja têm o que o povo na área precisa: sabão, comida enlatada, oleo — tudo posto em prateleiras de uma forma atraente. Nas áreas rurais, os nossos nem sempre fazem isto. 


Existe uma rede de grossistas que permite que o Mauritaniano venda o seu produto proveitosamente. Que tal uma lei a insistir  que os grossistas têm que vender aos nativos á um preço reduzido? 


No Lumbala Nguimbo, nas lojas dos Africanos Ocidentais vende-se bebidas vindas da Zâmbia. Isto significa que eles identificaram uma fonte barata destes produtos. Os nossos compatriotas Angolanos não têm conexões para saberem onde vão poder comprar produtos a um preço reduzido. 


Uma das grandes vantagens que eu via nas lojas dos Mauritanianos e Malianos  é a existência de frigoríficos solares, alguns vindos da República Democrática do Congo. 


Os Angolanos estão no negócio de venda de roupas usadas. Este é o negócio de gente vinda do Planalto; mas mesmo entre eles nota-se uma falta de estratégias e táticas para melhorar as suas operações. 


Todas essas mudanças só vão ser possíveis com um outro clima político no país…




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