Quem assistiu ao comício que o presidente do MPLA orientou neste sábado na cidade do Huambo terá dado conta da presença massiva no local de uma enorme população de sobas e sobetas. Oficialmente são designados de autoridades tradicionais.
O fenómeno não é novo, sendo que o mesmo acontece sempre nas várias deslocações que João Lourenço tem feito às distintas províncias do país, tanto como Presidente da República como líder do partido maioritário. Há sobas para todos os gostos e feitios, muitos dos quais cada vez mais jovens, o que está a ser visto em alguns meios como uma oportunidade de emprego.
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Quando disse em tempos que Angola era, provavelmente, o país de África com mais Sobas e sobetas por metro quadrado, houve quem tivesse franzido o cenho.
Por incrível que possa parecer, existem em Angola cerca de 50 mil autoridades tradicionais, ao ponto de termos comunidades com mais sobas e sobetas do que agentes policiais.
A enorme população de sobas, de acordo com diversas fontes, não será obra do acaso, mas resultará de uma estratégia gizada pelo partido governante no sentido de comprar fidelidades políticas.
Diz-se que muitos deles foram promovidos por conveniência política e não por mérito.
Verdade ou mentira, o facto é que há coisa de três anos, o jurista Carlos Feijó mostrou-se contra as nomeações e politização das autoridades tradicionais que, segundo ele, eram feitas « sem a observância nem legitimidade do direito consuetudinário, o que facilitava o surgimento descontrolado de soberanos nas comunidades».
O também docente universitário fez esta revelação no III encontro Nacional das Autoridades Tradicionais quando abordava o tema: «As autoridades tradicionais no Estado moderno». Na altura, Carlos Feijó advertiu para se ter «cuidado com as tradições e as autoridades tradicionais inventadas», tendo defendido a necessidade de uma legislação adequada para «inibir a sua proliferação».
O jurista, tido por uns como o «pai» da CRA atípica, revelou que, em 2010, enquanto exerceu o cargo de ministro de Estado, o país «gastava cerca de 100 milhões de dólares do Orçamento Geral do Estado (OGE) para as autoridades tradicionais».
De lá para cá, não se tem notícia de que houve acções tendentes no sentido de reduzir a vasta população de sobas e, concomitantemente, evitar gastos supérfluos do erário.
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