O ‘erro’ do discípulo de Deng Xiaoping - Nelson Francisco Sul



João Lourenço assumiu-se reformista ao estilo de Deng Xiaoping, histórico líder chinês entre 1978 e 1992. Deng foi o líder impulsionador do ‘milagre económico’, único na história que tirou um país da pobreza extrema, e devastado pela guerra, para se tornar numa potência mundial na pirâmide da economia global.



Sob a ideia de um ‘socialismo com traços chineses’, Deng rompeu com o status quo e implementou uma série de reformas econômicas centradas na agricultura, num ambiente liberal para o sector privado, na modernização da indústria e na abertura da China para o comércio externo. Conhecedor deste exemplo, João Lourenço, ele próprio formado em Ciências Históricas, quis encarnar a personalidade política de Deng Xiaoping, mas terá “cometido um erro de palmatória”. 




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“O modelo desenvolvimento de Angola, nos últimos 46 anos, esteve sempre baseado em instituições extrativas. Infelizmente, João Lourenço teve um início de mandato que dava indicações de que queria alterar o Estado das instituições em Angola, mas que teve de o interromper por razões sobejamente conhecidas. Penso que, se mantivesse a tendência, hoje o País estaria a apresentar outros resultados”, acrescenta o economista Wilson Chimoco, investigador do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola.  


Também o economista, Francisco Paulo entende que, quando tomou posse, o Titular do Poder Executivo devia ter requisitado uma auditoria independente, para aferir, em termos económicos e financeiros, que País encontrou. 


“Eu não sei se, realmente, a economia se beneficiou da dívida pública que o País está a pagar, porque o endividamento público é muito elevado, absorve quase 50% do OGE, mas  não se sabe  em que projectos essa dívida  foi investida”, afirmou o igualmente investigador do CEIC. 


O Centro de Estudos do Desenvolvimento Económico e Social de Angola -CEDESA-, com escritórios espalhados em Lisboa (Portugal), Luanda (Angola) e Oxford (Inglaterra), explica a razão do insucesso do combate à corrupção. 


“O que estamos a assistir é a máquina e pessoas que foram capturadas no passado pelos interesses corruptos a fazer essa luta contra a corrupção. Por isso, processos perdem-se fisicamente nos tribunais, outros embrulham-se, outros surgem com decisões inaceitáveis e outros prolongam-se inexplicavelmente”, lê-se no mais recente relatório intitulado ‘Economia e Política de Angola 2021’. 


Filipe Delfim Santos, Miguel Almeida Dias e Rui S Verde, especialistas da CEDESA, que se têm dedicado à análise sobre temas políticos e económicos da África Austral, em especial de Angola, concluíram ter sido “um erro” entregar à estrutura judicial existente o combate contra à corrupção. 


“Se essa estrutura também era corrupta, não pode, por razões de lógica elementar, estar a julgar a corrupção: As relações clientelares do passado, os favores devidos, a venalidade habitual, são demasiado fortes, para, de repente, um manto de integridade tudo afastar. O que temos verificado é que o sistema judiciário e judicial se mostra incapaz de combater a corrupção. Os processos judiciais com princípio, meio e fim rareiam. É como se existisse uma disfuncionalidade entre as intenções do Poder Executivo e as concretizações do Poder Judicial”.


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