JES, uma pedra no sapato de João Lourenço - Nelson Francisco Sul



Nos últimos cinco anos, o País esteve mergulhado em suspense, e os cenários indicavam que as relações «azedas» entre o actual PR e o antecessor poderiam colapsar o MPLA… Mas, agora, com o aproximar das eleições, muitos são os esforços empreendidos para aproximar João e José.


As relações entre João Lourenço e José Eduardo dos Santos azedaram-se logo no quinquagésimo primeiro dia de sucessão, quando, a 15 de novembro de 2017, o actual Presidente exonerou Isabel dos Santos do cargo de presidente do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol e, ainda no mesmo dia, ordenou a rescisão do contrato entre a Televisão Pública de Angola (TPA) e a empresa Semba Comunicações, detida por Welwítschia “Tchizé” e José Paulino dos Santos "Coreon Dú", para a gestão do Canal 2.




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Quase dois meses depois, a 10 de Janeiro de 2018, João Lourenço voltaria afastar outro filho de José Eduardo dos Santos, José Filomeno dos Santos “Zenu”, da gestão do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), que gere activos do Estado de 5 mil milhões de dólares norte-americanos. A seguir, fez um ‘saneamento’ nos órgãos castrenses da Casa Militar do Presidente e nos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SINSE).


Antes do VI Congresso Extraordinário, que pós fim à bicefalia nos destinos do País e do partido no poder, houve movimentações no ‘Kremlin’, como também é conhecida a sede do MPLA, para se aproximar o então presidente do partido, José Eduardo dos Santos, e o seu vice-presidente no partido e Presidente da República, João Lourenço.


O Novo Jornal sabe que António Paulo Kassoma, que era a terceira figura do partido, foi incumbido de propor um documento à análise de João Lourenço, para que fosse feito um ‘acordo de camaradas’ e se evitasse um processo judicial contra “Zenu” dos Santos e o suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais, presidente da Quantum Global, entidade que geria os activos do Fundo Soberano. Tudo estava delineado quando, de repente, em vésperas do ‘Congresso da Mudança’, João Lourenço disse que “não se comprometeria a assinar nada”, descreveu fonte conhecedora do processo.


Depois se foi assistindo ao desenrolar de uma série de processos judiciais, alguns deles ditos como sendo de motivação política, contra familiares e ex-colaboradores directos do ex-Presidente, nomeadamente os generais Manuel Hélder Vieira Dias ‘Kopelipa’, Leopoldino do Nascimento e José António Maria. Foram ainda arrestadas várias empresas ligadas a Isabel dos Santos e uma longa lista de propriedades e contas bancárias bloqueadas.


Na lista de condenados, mas com pena suspensa, estão o ex-governador do Banco Central (BNA), Walter Filipe, o antigo ministro da comunicação social e deputado do MPLA (com mandato suspenso), Manuel Rebelais, e o ex-presidente do FSDEA, “Zenu” dos Santos.


Depois de detido durante vários meses, o ex-director-geral do Instituto de Estradas de Angola (INEA), Joaquim Sebastião, está em liberdade e aguarda pelo despacho do tribunal. Na mesma situação, está o deputado do MPLA Higino Carneiro, várias vezes governador e ministro. O também general não chegou a ser detido, mas viu condicionada a sua liberdade de ausentar-se do País, após ter sido constituído arguido pelo DNIAP (Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal).


A ex-ministra das Pescas e actual deputada do MPLA, Victória de Barros Neto, aguarda, igualmente, pelo despacho de pronúncia da Camara Criminal do Tribunal Supremo. Até ao momento, apenas duas figuras de proa estão em prisão efectiva, o ex-ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, e o empresário Carlos de São Vicente, esposo de Irene Neto, filha do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto.

Preso e algemado com as mãos atrás das costas, esteve o general Bento Kangamba, uma das figuras centrais do poder, anteriormente ligada ao antigo Presidente. Foi indiciado pelo crime de burla por defraudação e permaneceu na prisão apenas dois dias. Pelo trilho do combate à corrupção, os procuradores chegaram a beliscar a FESA, a fundação de José Eduardo dos Santos, quando detiveram, por alguns dias, o diplomata Ismael Diogo da Silva, o presidente da fundação do antigo Chefe de Estado.

Outra figura associada a negociatas, que não distinguem entre património público e interesse privado, é o antigo presidente da Sonangol e ex-vice-presidente da República, Manuel Domingos Vicente, que chegou a entregar ao Estado angolano a participação que detinha no Banco Econômico. Actualmente, está na Assembleia Nacional, onde é deputado pelo MPLA. O rosto da internacionalização da Sonangol, ‘a galinha dos ovos de ouro’, como lhe chamou o actual Presidente, está protegido pelo artigo 127.º da Constituição, que estabelece uma eventual responsabilização criminal do antigo vice-presidente, “cinco anos depois de terminado o seu mandato”.


De resto, com o aproximar das eleições, e porque está em causa a salvação da ‘grande família’, muitos são os esforços empreendidos para aproximar João e José.


Mas persiste a dúvida que sempre ensombrou as hostes do ‘Kremlin’: caso vença as próximas eleições gerais, João Lourenço vai querer ou terá ousadia de levar José Eduardo dos Santos a tribunal? Até que ponto a cúpula dirigente do MPLA permanecerá impávida ante a uma tentativa de se levar a tribunal o homem que partiu e repartiu o ‘bolo’ para todos e criou a elite da chamada acumulação primitiva de capitais?


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