Contrato para produção de algodão, bastante questionado face à experiência no ramo alimentar, e pagamento de dívidas deverão colocar nas mãos de um dos maiores grupos empresariais do País a fábrica que levou o Estado a fazer recurso a uma milionária linha de crédito. Tudo acontece longe dos holofotes de uma opinião pública que vem criticando a gestão do património recuperado no quadro do combate à corrupção. IGAPE opta pelo silêncio.
Contratos de trabalho na fábrica têxtil de Benguela, uma das exigências feitas em finais do ano passado, alguns meses depois da reinauguração, chegaram, para surpresa de funcionários abordados pelo Novo Jornal, com o grupo empresarial Carrinho Empreendimentos na gestão administrativa e financeira, no segundo passo associado a uma estratégia de privatização longe do ruído provocado pela presença deste operador em várias frentes da actividade económica em Angola.
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O Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), consultado três dias antes do fecho desta edição, não comenta, mas a privatização da agora denominada Textaf, SU, poderá ser, conforme as informações disponíveis, a favor do grupo gestor da Reserva Estratégica Alimentar, que deixou os zimbabweanos da Baobab, vencedores do concurso público para a exploração da fábrica, somente na parte técnica.
O primeiro sinal de uma caminhada que se pretende discreta foi a assinatura de um contrato para a produção de algodão em terrenos concedidos pelo Estado, conforme reforçam trabalhadores, que ressaltam, em tom a denotar estranheza, dificuldades do grupo em termos de matéria-prima para o seu complexo industrial, hoje com mais dois projectos, para fábricas de óleo vegetal e açúcar.
"Os nossos contratos chegaram em nome da Leonor Carrinho, a empresa que, inclusive, está a pagar dívidas, a processar salários e a tratar de admissões", disseram dois trabalhadores.
Na fábrica têxtil, bairro da Seta, arredores da cidade de Benguela, há, de resto, um representante da Carrinho a dirigir a área dos Recursos Humanos, estando a ser confrontado com casos de jovens descontentes formados em 2015, quando a unidade tinha o nome de Alassola, empresa apeada pela Procuradoria-geral da República por irregularidades na adjudicação.
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