António Pitra Neto, antigo Vice-Presidente do MPLA, é a figura que JES nutria uma forte paixão para a sua sucessão na Presidência da República. Pitra desistiu depois de desiludido pela falta de clareza. Não era recebido e o seu poder administrativo a nível do partido estava a ser transferido para o então SG Dino Matross. Renunciou a Vice presidência do MPLA, alegando motivações pessoais (esposa adoentada que viria a falecer)
Em 2014, um sondagem feita por brasileiros, sugeria a JES, o nome de João Manuel Gonçalves Lourenço, um antigo coronel das FAPLA, levado a esfera do poder pelas mãos de que Lopo do Nascimento. Poucos anos depois, JES fez de JL seu ministro da defesa e vice-presidente do partido. Em dezembro de 2016, apresentou-o como candidato as futuras eleições. No inicio de 2017, no seguimento de intrigas politicas, JES foi convencido a desistir de JL, e adiar as eleições de 2017 para dar lugar a preparação a um outro candidato. Em Espanha, onde estava em tratamento, chamou o seu então Vice-PR, Manuel Vicente, confidencializando do plano que viria pela frente de afastamento do candidato JL. Vicente simula que aceita ser o presidente de transição, mas ao chegar a Luanda, junta-se a JL, seu padrinho de casamento, e conta todo o plano.
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JES queria JL na condução mas ele detrás a indicar o caminho ao motorista. Percebeu tarde que JL não era homem para ser motorista de ninguém. Afasta-lo da condição de candidato já era tarde. JL já estava em fase de afirmação. O país aguardava pelas eleições que poriam fim as três décadas de governação de JES. Quando foi eleito PR, JL entrou em ruptura com JES e com todo o “staff”. Por gratidão, prestou apoio institucional a MV nos processos que este enfrentava em Portugal.
Retirado que estava em Barcelona, JES recebeu pela última vez uma ligação de MV, em Fevereiro de 2020, para sanar mal entendidos entre as partes.
JES que era um homem poderoso, por quem os seus colegas matavam (Cherock, Kamulingue, Cassue, Hibert Ganga) e prendiam (Rafael Marques, Luaty, Samukussi, Dito, Arante, Laurinda, Rosa Conde e etc,) em defesa do seu nome ficou reduzido, numa figura amargurada. Passou a ser “agredido” por todos que desejam mais replicas suas na terra.
Em Novembro de 2018, JES reagiu as acusações do seu sucessor de que deixou os cofres vazios. Em Janeiro de 2020, tentou novamente dar uma entrevista para responder acusações que punham em causa o nome da sua família, mas desistiu quando o jornalista português Nicolau Ramos já se encontrava em Barcelona para o entrevistar.
Nos últimos anos, JES já não era a mesma pessoa com muitos problemas. A saúde já dava sinais de debilidades. A saúde de um homem de 80 depende do seu estado psicológico. O estado psicológico de JES foi destruído por todos aqueles que lhe engravidavam pelos ouvidos com endeusamentos.
De costas viradas com o seu antecessor, filhos com processos ou no exilio, legado de paz transformado em legado de destruição dos cofres do país, JES esteve em Luanda e convocou uma antiga companheira Maria Luísa Abrantes para lhe entregar documentos e transmitir instruções pessoais.
José Gama
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