“Ontem à noite (dia 23 de Abril), entre às 21:30 e às 22:30, passeámos pela cidade de Cabinda, não apenas no casco urbano. Andámos pelos bairros e fomos até ao Estádio do Chiazi. E o que pudemos verificar, embora fosse noite, é que as ruas estão todas asfaltadas, não senti buraco nenhum, que poderia me causar dor na coluna. Mas, como se não bastasse, vimos uma cidade limpa, vimos uma cidade plenamente iluminada”.
A citação acima representa um extracto do discurso do Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, na recente visita à província de Cabinda.
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As afirmações do PR geraram revolta entre os cabindenses, que ficaram boquiabertos após terem ouvido inverdades vindas do Chefe de Estado. Eles questionaram-se sobre que Cabinda se referia o PR, se a real ou uma imaginária. Houve, segundo levantamentos feitos, quem pensasse em alucinações de um PR, tendo em conta, principalmente, o ambiente eleitoral. Talvez não seja tão surpreendente quando parece, sendo ponto assente, por exemplo, que em 2017 prometeu criar 500 mil empregos e transformar Benguela em Califórnia.
Nesta edição, trazemos uma matéria sobre a visita do PR àquela província, acompanhada do retracto real daquilo que o Presidente de todos os angolanos insiste em não ver.
Ou seja, não apenas as estradas esburacadas de Cabinda, mas também em Luanda, um povo a viver em extrema miséria, exposto à fome, falta de energia eléctrica e água potável e falta de saneamento básico.
Enquanto isso, o Presidente que diz ser de todos os angolanos insiste em fazer vistas grossas a tudo, com assessores mal na fotografia quando se analisa o rumo dos acontecimentos. Sustentam, portanto, muitas destas alucinações.
Muitos cabindenses consideraram desrespeitosas as declarações do PR, que mostrou , como salientaram, ignorar o sofrimento de um povo que sente os efeitos da má governação do MPLA.
Cabinda tem mais de 80% das estradas esburacadas e a via do Chiazi que João Lourenço faz referência no discurso, salientando que está em perfeitas condições, é uma via que liga a cidade ao campo petrolífero do Malongo. Depois disto, já não existe asfalto e, tendo em conta o estado precário, viaturas de pequeno porte, do tipo turismo, quase não circulam.
O PR foi “competentemente”vaiado, num ambiente em que se equacionou, como forma de protesto, o arremesso de ovos. Isto só não aconteceu porque, sublinham alguns munícipes, em tom a denotar alguma ironia, seria desperdício em fase de fome.
A revolta subiu de tom quando munícipes eram obrigados a comparecer no comício sob pena de colocar em risco os seus empregos.
À medida em que nos aproximamos das eleições, aumentam denúncias de pressões e ameaças proferidas por elementos do MPLA, com munícipes obrigados a fazer parte de actividades dos “camaradas”, principalmente quando estiver em causa uma deslocação de Jlo.
Algumas concessionárias de viaturas, em Luanda , dizem estar a sofrer chantagem do MPLA no sentido de disponibilizarem viaturas para a campanha eleitoral. Caso contrário, conforme a denúncia, sofrerão represálias na hora das taxas aduaneiras, como prenunciam, agora, visitas de fiscais que mais se ajustam a intimidações prévias.
Há mesmo quem diga, entre os empresários, que ninguém pretende acabar como Riquinho, que viu a sua vida ruir após ter caído nesta esparrela.
Começa a ser sofrível ouvir o PR discursar, já que, se é verdade que a falta de oratória e carisma não constitui “pecado”, o mesmo já não se pode falar da forma arrogante e das inverdades.
Aos nossos compatriotas de Cabinda , regressando à primeira forma, vai a nossa solidariedade, na certeza de que, um dia, João Lourenço peça desculpas públicas.
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