Mais uma doação? - Graça Campos



Não sei se devo isso ao avanço da idade, ao mau estado de conservação da vista, que, regra geral, lhe é subjacente, à falta de lucidez ou à soma de tudo, mas a verdade é que acabo de ler e reler um texto do Expresso das Ilhas sobre o fornecimento, por Angola, de um Boeing 737-700, a Cabo Verde e fiquei sem saber o que ganhamos nós, angolanos, com a cedência de uma aeronave pela qual a TAAG diz ter pago vários milhões de dólares.

De acordo com a publicação cabo-verdiana,  o ministros dos Transportes de Angola, Ricardo Viegas D’Abreu anunciou sábado, 12, a chegada a Cabo Verde, já nos próximos dias, de um avião Boeing 737-700 da nova geração “para dar corpo ao acordo rubricado com a TACV – a homóloga cabo-verdiana da TAAG.




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No texto que sustenta a cedência da milionária aeronave não há uma única linha elucidativa dos putativos – próximos ou distantes – ganhos que advirão desse acordo para Angola e, nomeadamente, para a nossa companhia aérea de bandeira.

De acordo com o Expresso das Ilhas, o governante angolano teria descrito a cedência do avião da TAAG como “um primeiro acordo, em África, que Angola assina nestes termos, e que se baseia nos princípios da Decisão de Yamoussoukro e do Mercado Único dos Transportes Aéreos Africanos (MUTAA), pelo que é um sinal muito pragmático daquilo que são os nossos compromissos”.

Estou aqui na mesma, não sabendo se a “dificuldade” está na mensagem, se no mensageiro ou se na minha (já cansada) cabeça. Mas em verdade vos digo: não percebi nada!

Como Angola é useira e vezeira em doações, estou convencido que não seria por mais uma, nem que seja de um novíssimo Boeing 737-700, que o que sobra do nosso tecto desabará por completo.

O anúncio da “oferenda” (também posso tomá-la assim) a Cabo Verde coincidiu com a estada no arquipélago do Presidente angolano que em pouco mais de 4 anos já viajou mais do os seus dois antecessores em 45 anos.




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