Claro que penso nele , como angolano, como ser humano e como pai de filhos e até poderia escrever esta crônica com lágrimas no rosto.
Sem vergonha de chorar, como nunca tive, pois sei que o pranto foi o primeiro sinal que dei para dizer que estou vivo, quando nasci mas desta vez não vou chorar.
Mesmo apesar de alguns profetas tipo os que falam com Deus e com o diabo todos os dias já estarem a fazer previsões de que o jovem possivelmente até ao próximo verão, já não poder ter forças para se colocar de pé.
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Mas como crente nas horas vagas quando estou bem e um pouco mal disposto.
Só me tem restado rezar quando penso nele e nas oportunidades que perdeu porque às quis perder, pensando ele mesmo com a sua própria cabeça.
Não me venham cá dizer que o jovem não teve apoios que não é verdade.
Ele mesmo é que se calhar está entre aqueles angolanos que você pode lhe tirar do lixo.
Mas que o lixo nunca sai dele, desculpa falar assim, gosto de ser original e assim se torna muito difícil se agarrar oportunidades fabulosas onde por vezes se passa não muito longe delas.
Não é o primeiro angolano que conheço saudosista que ninguém lhe tira da saudade da sua lixeira ao lado de casa e dos charcos de merda que conheço, conheci outros que não conseguiram se adaptar na Europa.
Alguns mesmos só porque nunca encontrava uma árvore ou um beco escuro para darem umas mijadas, outros porque se sentiam sufocados ficarem horas e horas sem poder cuspir no chão ou na parede de uma casa.
Ao miúdo não faltou apoio , ele mesmo não quis o bem que muita malta angolana que eu até conheço e preparei alguns para lhe ajudar a sair daquela Tuga que é uma espécie de Angola com água e luz, sem Kalemba .
Mas já com Katambor, Palanca, carne seca na varanda, peixe frito e seco.
Quando não uma plantação de congonha na varanda do awilo ao lado para umas baforadas no ponto de encontro com kuduro, feira do relógio e trumuno não longe de Massamá.
Ao Nito Alves lhe dava mais jeito apoios financeiros para a sua maconha e como encontrou alguns awilos da palha na Tuga.
Tudo ficou canja para ele , se esquecendo que naquela vida lord da Tuga, entre kuarras desdentadas no Martim Moniz e bairro Alto o futuro dele tinha os dias contados.
Um miúdo como ele com a idade dele e com o seu passado se tivesse cabeça.
Hoje já estaria numa universidade mas nunca na Tuga , a falar mangurra ( língua estrangeira ) do mais puro, e quem sabe um dia regressasse já como um kilama, grande kamone.
Como vai acontecer com o seu ex consofredor Domingos Da Cruz que se mandou para o Canadá e foi a lotaria que saiu.
Foi bem pensado , pois em Angola estava queimado como um jovem que não gostava de alinhar em jogadas sujas que já transformou alguns da sua geração em sem eira e nem beira ( felizes ) na porcaria como os porcos na lama
Aproveito fazer um apelo aos jovens para não perderem as oportunidades que a vida vos oferece.
E que apostem em vocês mesmos em termos de boa formação profissional e intelectual, longe da liamba, do álcool e das noitadas que vos deixa às vezes mais jambrados.
Pois é o maior investimento na vida que cada um pode fazer a si próprio, para si, o país e toda sociedade.
Ja que o país não oferece condições porque a gestão ainda é criminosa e não inclusiva.
Quem poder aproveita o paraíso europeu que também pode se transformar no inferno para quem não saber explorar da melhor maneira as oportunidades gratuitas que oferece.
Fernando Vumby
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