O presidente do Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos (Sinmea), Adriano Manuel, acusou nesta sexta-feira, 03, o Ministério da Saúde liderado por Silvia Lutucuta, de "falta de seriedade" nas negociações do seu caderno reivindicativo, reafirmando a greve nacional a partir da próxima segunda-feira.
As negociações entre o Ministério da Saúde angolano e o Sinmea decorreram na quarta e quinta-feira, após os médicos angolanos anunciarem, em 23 de novembro passado, uma greve nacional prevista entre 06 e 10 de dezembro.
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A paralisação desses profissionais da saúde visa exigir um "sistema remuneratório especial, pagamento de subsídios, melhores condições laborais, levantamento da suspensão do seu presidente", entre outros.
Adriano Manuel apontou "falta de seriedade" por parte do patronato durante as rondas negociais, afirmando que inicialmente havia sinais de pontos convergentes, mas depois a entidade ministerial "deu o dito pelo não dito".
"Qual não foi o nosso espanto no segundo dia das negociações, o Ministério deu o dito pelo não dito depois de ter aceitado as propostas do sindicato, depois de o sindicato fazer profundas cedências mesmo sabendo que o Ministério da Saúde estava a extrapolar o ordenamento jurídico angolano", disse.
Segundo o líder sindical, os médicos fizeram inclusive algumas cedências, como "aceitar a transferência do presidente do sindicato para um outro hospital, por ser do interesse do Sinmea em não enveredar para a greve, mas o patronato mudou a postura inicial".
Adriano Manuel, médico pediatra e presidente do Sinmea, está suspenso de exercer a sua função, há um ano e seis meses, após denunciar a morte de cerca de 20 crianças, em dois dias, no Hospital Pediátrico de Luanda, onde trabalhava.
O levantamento da sua suspensão é um dos pontos plasmados no caderno reivindicativo do órgão sindical remetido à entidade patronal em 20 de setembro de 2021.
Para Adriano Manuel, o não-levantamento do seu processo disciplinar por parte do Ministério da Saúde, "mesmo depois de provadas todas as irregularidades deste órgão", poderia facilitar a sua expulsão do função pública caso fosse trabalhar numa outra unidade sanitária.
"Então, compreendemos que a sugestão dos hospitais de onde teríamos de trabalhar era um caminho para que, eventualmente, o presidente do sindicato estivesse a exercer o sindicalismo e lhe fosse instaurado um outro processo disciplinar para que depois fosse expulso da função pública e o sindicato não pode aceitar essa situação", apontou.
"Outra questão é a falta de seriedade e respeito do Ministério da Saúde em relação aos médicos angolanos. Observo que durante as negociações três elementos fundamentais para as negociações retiraram-se da mesa para participar de um programa televisivo", rematou Adriano Manuel.
Os profissionais da saúde deliberaram a paralisação para cinco dias e enquanto durar a greve "serão prestados serviços mínimos nos bancos de urgência e cuidados intensivos, mas ficam suspensas as atividades de enfermaria e consultas externas".
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