O NOVO DEBATE NA UNITA: A INCLUSÃO OU A EXCLUSÃO DO ‘VOTO AMIGO’- JOSÉ GAMA



“Não podemos excluir nenhum quadro por simples razão de não pertencer às fileiras da UNITA, esta política para mim não serve” – Jonas Savimbi


Angola tem 32, 87 milhões de habitantes. O MPLA que é o maior partido alega que 2,5 milhões de membros. Não  há partido  político  no mundo interior   capaz  de ganhar eleições transparentes  apenas com votos dos seus membros. São os amigos,  simpatizantes, e os desconhecidos que levam os partidos políticos para  uma vitoria eleitoral. 



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Na nota de imprensa de 28 de Novembro do grupo de militantes da UNITA que são contra a realização do presente congresso, há passagens de rejeição e hostilização ao “voto amigo”, não obstante,  um outro documento do mesmo grupo recorrendo a um discurso de estigmatização a sociedade civil representada pelos “revus”, tratando-os de arruaceiros,  tal como faz o MPLA. 


A nota revela que os seus subscritores não querem  um Presidente que trata apoios de fora. Segundo escrevem  “Desde a eleição do Engenheiro Adalberto Costa Júnior para o cargo de Presidente da UNITA, surgiu no espaço político fora da UNITA uma máquina de supostos «amigos da UNITA», que parecem pretender ajudar a UNITA a crescer ou modificar-se, e, por isso, sentem-se no direito de dizer o que os órgãos da UNITA devem fazer e ostentam possuir meios e influência para «colocar a UNITA no poder».


“Estes supostos amigos da UNITA estão dispostos a investir dinheiro, serviços e outros recursos para apoiar Adalberto Costa Júnior. Pretendem seguir e apoiar o homem, não necessariamente a instituição UNITA”, lê-se no documento. 


Em democracia as pessoas são livres nas suas opções. Os  «amigos da UNITA»  não precisam nem devem ser obrigados a seguir a instituição UNITA. O musico Bonga era amigo de Savimbi, ia a Jamba cantar e Jonas Savimbi nunca o impos a “instituição UNITA”. O medico Adelino Manaças Silva Neto foi capturado na Jamba, e nunca lhe foi imposta militância. No momento de troca de prisioneiros depois dos acordos de Bicesse,  optou por ficar com a UNITA por vontade própria e mais tarde ficou ministro do GURN por este mesmo partido. 


Nas eleições de 1992, Jonas Savimbi teve mais voto que a  UNITA. Isso quer dizer que havia 40% de eleitores que votaram em  Savimbi mas não  queriam a instituição UNITA (34,1%), para formar governo. 


Passado 26 anos ainda há pessoas que teriam dificuldades em votar na UNITA, devido a propaganda do passado, mas estariam confortáveis em votar  neste partido se a sua liderança estivesse alguém  que transmitisse  confiança ou representasse os seus interesses. Isto aconteceu em 2017 com o MPLA. Figuras como Marcolino Moco, Vicente Pinto de Andrade que não se reviam na liderança de JES regressaram ao  MPLA, porque  o  novo líder João Lourenço  inspirava confiança. É como numa empresa. A figura do director conta muito. Os bancos por mais clientes que tem procuram sempre indicar para PCA alguém que ofereça prestigio a  instituição.


A UNITA precisa abrir-se.  Ter sobretudo um discurso de abertura a sociedade, se deseja ser poder.  Renunciar também o discurso interno de “militante das matas”, “da cidade”, “da missão externa”, “da bela vista”, “do Bié”, e etc.  Precisa de ter um discurso de inclusão.  Jonas Savimbi mostrava ter esta visão. 


Quando Savimbi  chegou a Luanda em 1992,  era defensor de uma Frente Unida, com os outros partidos para destronar o MPLA. Constituiu uma bancada parlamentar formada maioritariamente  por pessoas que não estavam com ele nas matas. Fez de Adão da Silva, recém saído da Polícia Nacional,  o seu homem de Luanda. Quando fez o recuo,  na última guerra, tinha a seu lado Victorino Nhany que nunca tinha estado na Jamba, a quem acolheu, e  fez dele brigadeiro, Nhany que já morreu tornou-se rapidamente  num dos homens que melhor conhecia a  doutrina de Savimbi.


O espirito de inclusão de Jonas Savimbi pode ser relido  numa comunicação feita por ocasião do dia da JURA, quando defendia que  “A juventude deve lutar sempre contra todos aqueles que tentarem dividir a pátria; combaterem sempre aqueles que tentarem introduzir no seio dos angolanos o tribalismo, o divisionismo, a exclusão social, o sectarismo. Quando enfim no seio de vos surgir homens com capacidade de governar, com capacidades administrativas, valorizem-o. Porque a pátria precisa dos melhores quadros para erguê-la. Seja ele do MPLA, merece a nossa atenção. Porque governar Angola para mim, e dar vos aos mais notados e capacitados. Não podemos excluir nenhum quadro por simples razão de não pertencer às fileiras da UNITA, esta política para mim não serve”. 




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