Herança Comunista!- Sousa Jamba

Entendo perfeitamente porque razão em sistema totalitários não se encoraja o estudo da História ou Literatura. Eu não fiquei nada surpreendido ao ver o Bento Kangamba em algemas no Cunene ou o Bento Bento em lágrimas; ambos estão hoje no Comitê Central do MPLA.

Em organizações de inspiração Comunista, há sempre uma reciclagem de quadros já que o chefe mantém o seu domínio da estrutura gerindo intrigas. Ontem, o Presidente José Eduardo dos Santos era louvado intensamente; hoje já não é o caso. Os mesmos que ontem cantavam hosanas à família dos Santos, descrevendo os seus críticos como sendo invejosos, são os mesmos que ficam com espuma na boca quando falam dos maribondos de então.

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Quando o General Fernando Garcia Miala foi detido em 2007 e eventualmente condenado, eu escrevi uma crônica no então “Semanário Angolense” a insistir que ele estava a ser injustiçado. Falei do grito das suas irmãs a insistir que o seu mano não tinha feito nada. Hoje gente que escreve textos (sem meter os seus nomes) contra mim na altura estavam no coro contra o General Miala, citando crimes que ele obviamente não tinha cometido; hoje os mesmos fazem parte do batalhão que injustamente vão tentando manchar a reputação de membros da oposição, sobretudo o líder da UNITA Adalberto Costa Junior. A “dança das cadeiras” da política Angolana não difere das várias histórias de sistemas totalitários do mundo.

Na União Soviética, depois da morte de Lênin em 1924, o Joseph Estaline, que tinha o controle do partido, assumiu todo o poder. No passado o poder tinha sido colegial quase colegial; mas o Estaline tomou medidas para reforçar o seu domínio. Uma das coisas que ele fez foi esvaziar o poder do Comitê Central — forçando fora a velha guarda, que podia lhe fazer frente, trazendo neófitos que eram completamente fiel à ele. O órgão que passou a ter o verdadeiro poder foi o Politburo que girava a volta dele.

Como o Moshe Lewin escreve na sua obra “The Soviet Century” ou “O Século Soviético” os novos membros que encheram o Comitê Central em 1924 tinham pouco em comum com os antigos

Bolcheviques; estes não eram minimamente motivados por factores ideológicos. Os novos membros do Comitê Central queriam avançar as suas carreiras — o Papa Estaline lá em cima é que estava no centro do sistema de patrocínio; quem queria avançar na vida e garantir a segurança da sua família entrava no Partido Comunista.

O Estaline aproxima-se neste momento ao Ivan Petrovich Pavlov, médico Russo que ganhou a Prêmio Nobel da Medicina em 1904. O Pavlov tinha dedicado a sua vida fazendo pesquisas com cães — a psicologia de cães. Pavlov experimentou com cachorros — tocando um sino e depois dando-lhes comida. Pavlov notou que os cães ficavam a salivar automaticamente quando ouviam o sino, mesmo sem ver a comida. As teorias chegaram a ser muito útil para Estaline quando houve campanhas propagandísticas contra os “inimigos do povo.” O Pavlov tinha também concluído que depois dos cães serem desprovidos de comida, sono etc eles ficavam fracos e sugestionáveis — prontos a aceitar tudo!

Nos anos 30s, na União Soviética, houve um tempo em que o nome Nikolai Yezhov fazia todo mundo tremer. Isto foi antes de Lavrenti Beria, um outro carrasco que veio a ser chefe da polícia secreta de Estaline. O Estaline decidiu que era tempo de eliminar os inimigos do povo e da revolução; o Camarada Yezhov, que antes da revolução era um cidadão sem brilho, mas que ascendeu nas estruturas do partido comunista durante o reinado de Lenine, não hesitou em inventar várias formas de torturar e executar os inimigos do povo. O Yezhov disse que quando se corta uma árvore, há, inevitavelmente, lascas que caem de lado — o derrube dos reacionários, ele dizia, tinha mesmo que resultar na morte de alguns inocentes. Segundo o Camarada Yezhov, podia-se eliminar dez inocentes para não se poupar um único reacionário. Ao ouvir o nome Nikolai Yezhov muitos não paravam de tremer de medo.

Nos sistemas totalitários, onde o poder reside principalmente com o chefe, o Grande Boss tem que fazer reciclagens constantes; quando se trata do elenco da guarda pretoriana, ele gere agilmente os atritos/invejas entre os seus chefes. Estaline encorajou Nikolai Yezhov a maltratar Lavrenti Beria; os dois odeiamvam-se. Quando o Beria assume o poder, começou, então a campanha contra o Nikolai Yezhov. De repente começou a falar-se dos excessos de Yezhov. O Yezhov é hoje tido como um dos exemplos como o Estaline usava “Photoshop” antes do Photoshop — havia fotos em que ele estava ao lado de Estaline que apareceram sem ele estar lá; ele tinha sido simplesmente apagado da História!