Ontem mais uma vez marquei presença num Seminário sobre <Segurança Internacional>, desta vez o foco do debate esteve direccionada sobre as constantes tensões entre a OTAN (Organização do Tratado Atlântico do Norte) e a Rússia.
É necessário que entendamos que essas tensões surgem desde a época da guerra fria (1947-1991), naquela fase o Mundo estava dividido em dois grandes grupos de hegemonia, de um lado os EUA com a NATO/OTAN (criada e oficializada a 4 de Abril de 1949 junto com ela faziam parte todos os Países da Europa Ocidental), do outro lado estava a União Soviética com o Pacto de Varsóvia (criada e oficializada a 14 de Maio de 1955, junto com ela estavam os Países da Europa do Leste).
Com a caída da União Soviética (26/12/1991) o Pacto de Varsóvia deixou de existir, mas a Rússia herdou e encarnou todo aquele espírito da União Soviética (espírito de potência), e a NATO continuou a existir e existe até hoje, motivo pelo qual muitos analistas Político-militares perguntavam-se: a União Soviética já não existe o porquê que a NATO existe até hoje visto que o objectivo principal da NATO depois da II Guerra Mundial era de impedir que a União Soviética expandisse o Comunismo no Mundo?
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Hoje a NATO não é composta simplesmente por Países da Europa Ocidental, fazem parte dela também muitos Países da Europa do Leste. Hoje basta um País fazer parte da União Europeia de forma automática entra a fazer parte da NATO. Na verdade (do ponto de vista concreto) a NATO é os Estados Unidos e os Estados Unidos é a NATO, o mesmo podemos falar da União Europeia (União Europeia é um projecto americano, sempre foi), por isso essa União é parte das Estratégias dos EUA na Europa, assim fica mais fácil levar adiante os seus interesses.
Nos anos 2000 com a expansão da União Europeia, vários Países da Europa do Leste entraram a fazer parte dela, países como: Letónia, Estónia, Lituânia Polónia, República Tcheca, Hungria, Eslováquia, Chipre, Malta, Roménia, Bulgária, e em 2013 com a entrada da Croácia, a NATO foi aos poucos movimentando vários <Aparatos Militares> nesses Países do Leste, em particular nos Países que fazem fronteira com a Rússia, Aparatos Militares, tais como: Sistemas de defesa antimísseis; Caças (Migues de guerra); Bombas nucleares; Radares; e milhares de militares estacionados nesses Países próximos da Rússia. Tudo isso tem preocupado muito a Rússia.
E com o <Golpe de Estado> ocorrido na Ucrânia em 2014 (um golpe que os ucranianos chamam de Revolução da Liberdade), as coisas foram ficando cada vez mais tensas entre a NATO (EUA) e a Rússia. Após o Golpe de Estado na Ucrânia (destruição do ex Presidente pro Russo <Víktor Fédorovych Yanukóvytch>), e com a subida à Presidência de <Poroshenko>, agora o actual Presidente <Volodymyr Zelensky> (todos pro Ocidente/EUA), a Ucrânia mudou completamente de paradigma, abraçou os princípios dos EUA, foi recebendo apoio e ajudas americanas e aproximou-se completamente à União Europeia, manifestando a sua vontade de fazer parte da NATO e da União Europeia.
É aqui onde as tensões entre a NATO e Rússia começaram atingir limites jamais antes vistos desde os tempos da guerra fria. A Ucrânia além de ser um País vizinho da Rússia (e terem praticamente quase a mesma cultura e falarem a mesma língua) ela é parte estratégica da Segurança Russa, por isso a Rússia não quer de jeito nenhum que a Ucrânia entre a fazer parte da NATO e da União Europeia, porque se isso vier acontecer, automaticamente serão instalados na Ucrânia bases militares, armas nucleares e sistemas antimísseis direccionados na Rússia.
Não existe certo ou errado em Política apenas <interesses e conveniências>, a Ucrânia nesse momento é a principal fonte de tensão entre a NATO (EUA) e a Rússia, se o bom senso (a Diplomacia) não prevalecer estaremos perante à uma guerra emitente entre essas duas super potencias militares EUA-Rússia.
Os EUA está ciente de que a continuação da sua hegemonia no Mundo em parte depende da eliminação da Rússia (seu principal inimigo), mas também sabe que a Rússia não é um adversário fácil de abater (na verdade nenhum País no Mundo por si só é capaz de combater a Rússia militarmente), porque a Rússia é um País muito avançado e muito desenvolvido militarmente, tem a melhor tecnologia militar, tem todo tipo de armamento e bombas nucleares, além dos submarinos nucleares, caças, radares e satélites espiões, e está muito avançado na questão da <Guerra Electrónica>, os EUA e a NATO sabem disso, a Rússia é um País extremamente preparado militarmente, seja guerra via Terra, via Marítima, via Aérea, etc.
Sendo assim, estrategicamente a via que os EUA encontraram para bloquear e aniquilar a Rússia é através dos Países vizinhos à Rússia (países fronteiriços) ou seja começaram a convidar Países do Leste próximo à Rússia para fazerem parte da União Europeia e da NATO (isso aconteceu e tem vindo acontecer novamente com outros Países) e depois daí começarem a instalar bases militares direccionando os seus misses na Rússia, desse jeito em caso de Guerra ou de intervenção Militar fica mais fácil (em teoria) agir contra a Rússia. Esse é um passo que vem sendo dado há vários e vários anos.
Do ponto de vista do Direito Internacional todos os Estados (Países) são livres e autónomos, são soberanos e independentes, mas do ponto de vista do <Realismo Político> esta autonomia e independência dos Estados está muito longe de ser verdade, porque se um País agir de forma que coloca em risco os interesses do meu Estado eu vou agir para neutralizar o perigo, e é isso que a Rússia está a fazer. Se a Ucrânia avançar com esse seu desejo de entrar na União Europeia e na NATO, a possibilidade de haver guerra será emitente, ou pode acontecer que a Ucrânia possa ser anexada como parte da Rússia (o aviso inicial foi a anexação da Crimeia), e vários analistas militares provêem também essa possibilidade.
Se a Diplomacia (diálogo, negociação, acordos) não prevalecer sobre a força militar teremos dentro em breve conflitos reais entre a NATO (EUA) e a Rússia. A Rússia já está cercada faz muito tempo pelas bases militares americanas junto às suas fronteiras, armas americanas estão aí em prontidão instaladas pronto a agir na hora certa, e a Rússia também não tem dormido, tem agido reforçando cada vez mais o seu aparato militar e tecnologia militar, mas a Ucrânia é peça fundamental dentro das estratégias americanas para aniquilar a Rússia, e a Rússia já percebeu isso faz muito tempo, por isso tudo fará para impedir que a Ucrânia entre na NATO e na União Europeia.
Os sistemas de governo ou os sistemas democráticos não servem pra nada quando o que está em jogo é o <Interesse Nacional>, isso de Democracia e Comunismo pouco interessa quando tudo que tem que ser feito é <Proteger e Salvaguardar o Estado>, assim funciona o Realismo Político. Se está em jogo o Interesse Maior do Estado, tudo cai por Terra, as leis passam a não valer, o Direito Internacional é deixado de lado, os Tratados, as Convenções, as Regras são jogados por terra como se nada fossem, até mesmo a Diplomacia nessa hora ninguém o observa mais, tudo porque o que está em jogo é a <Sobrevivência do Estado>, nessa hora nada mais importa apenas o <Estado> importa, apenas o Interesse Maior que é o Próprio Estado é que interessa, o resto não serve.
Assim funciona o Realismo Político (valem muito mais as estratégias e o uso da força do que qualquer outra coisa), não há moralidade em Política, não existe certo ou errado, não existe bem ou mal, não existe amigo, apenas existem os interesses, existe o que convém fazer e o que não convém fazer, não há moralidade muito menos emoção em Política, políticos emocionados não duram por muito tempo, na verdade emocionados não devem ser considerados de Políticos.
No debate de ontem sobre <Segurança Internacional> na qualidade de Mediador e Gestor de Crises (Peacemaker), apresentei a minha opinião dizendo que: neste momento a NATO (EUA) e a Rússia devem procurar chegar à um consenso se quiserem manter o equilíbrio do <Sistema Global>, sendo que a Ucrânia (também a Geórgia) são Países praticamente que simbolizam linha vermelha (zona de risco para os interesses Russos) e se a NATO atravessar esta linha vermelha o conflito pode acontecer, e ao mesmo tempo é necessário que a NATO reavalie as suas tácticas (estratégias) nesses Países (Ucrânia e Geórgia) ou seja a NATO deve analisar politicamente, diplomaticamente e também militarmente (avaliando os prós e contra, perdas e ganhos), e chegar à uma conclusão de que se em caso de uma possível guerra com a Rússia onde estaria o estrago (dano) maior, na parte civil ou nos militares? Nisso tudo será que os Países vizinhos (além da Ucrânia e Geórgia que fazem fronteira com a Rússia) será que sairiam ilesos dessa guerra ou ficariam destruídos?
Terminei dizendo que um confronto entre a NATO (EUA) e a Rússia seria completamente prejudicial para a Segurança Internacional.
PhD Leonardo Quarenta
Elite Intelectual Diplomática
Estou focado na Diplomacia e nas Políticas de Estado
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