A Covid-19 e a “lábia” dos nossos “nguvulos”



A vergonha – constrangimento é suave – por que passam nos países da União Europeia os portadores do Certificado Digital de Vacina Contra Covid-19 emitido por Angola confirma que é uma completa a treta o discurso do Ministério da Saúde segundo o qual o nosso país está alinhado com o mundo nas melhores práticas de combate à pandemia global.


Como foi ontem aqui revelado, o Certificado Digital de Vacina contra a Covid-19 emitido por Angola não tem curso em Portugal e nem em qualquer outro país que integra o chamado bloco europeu.


Desde que a circulação global da pandemia foi admitida em Fevereiro de 2020, Angola tem reclamado um lugar por entre os países que lideram o combate à doença.




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Só um pouco de pudor tem impedido as autoridades angolanas da reivindicação do pioneirismo na descoberta das melhores formas de combate à doença. 


Mas, como se sabe, entre os exaustivos “esforços” de que o Governo de Angola se queixa e as boas práticas mundiais vai uma enorme diferença.


Por exemplo, Angola será o único, se não dos raros países do mundo, que sujeita os passageiros chegados do estrangeiro a um teste pós-desembarque.


Na generalidade dos países, a apresentação do teste de PCR  franqueia as fronteiras ao viajante.


Contra a prática da generalidade dos países do primeiro mundo, Angola manteve, por mais de um ano, a sua capital sob “feroz” cerco sanitário. Luanda é, como se sabe, o pulmão da economia angolana.


Na generalidade dos países do mundo mais adiantado, a que Angola gosta de se encostar, um teste rápido de antigénio é vendido em qualquer farmácia a preço muito abaixo de 2 euros (menos de 1.300 kwanzas). Em Angola, o Ministério da Saúde estabeleceu-lhe o preço de 35 euros.


A verdade é que, apesar de todo o pioneirismo e originalidade que Angola reivindica no combate à Covid-19, o seu Certificado de Vacinação tem, na Europa Comunitária, o mesmo tratamento dado ao papel usado para limpar pó ou coisa mais execrável.


Com a sua postura de “maria vai com as outras”, Angola tornou-se num “tutti fruiti” que administra toda a sorte de vacinas aos seus cidadãos. 


A União Europeia não reconhece as vacinas anti-Covid fabricadas pela China e pela Rússia. Angola não só compra e administra essas vacinas como, não poucas vezes, mistura-as com outras. Há uma imensidão de casos de angolanos que tomaram uma vacina na primeira dose e outra diferente na segunda.


Além do mais, na Europa suspeita-se cada vez mais da autenticidade de algumas vacinas administradas em Angola.


Embora não fabrique nenhuma vacina anti-Covid, o Dubai é cada vez mais usado como interposto de Angola na compra de vacinas.


A Aquarius Global, uma empresa sedeada no Dubai e detida por um indiano, tem as suas “digitais” nas principais aquisições de vacina de Angola.


Nunca se percebeu a razão por que Angola recorre a intermediários para comprar vacinas.


Embora adira, sem pestanejar, a todas as iniciativas europeias – como é o caso do bloqueio à África do Sul – a “cotação” de Angola no mundo anda pelos patamares de baixo.


Com o mundo cada vez mais assustado com a estirpe Ómicron do Covid-19, não estará distante o dia em que a avisada Europa deixará de reconhecer inclusivamente o teste de PCR feito em Angola…


Em tempo: já quando esta matéria estava escrita, Correio Angolense tomou ciência de um comunicado do Governo português que suaviza as restrições aos portadores de certificados de vacinação anti-Covid emitidos por países alheios à União Europeia.


Nos termos do comunicado, “passam a ser reconhecidos, em condições de reciprocidade e desde que cumpram determinados requisitos, os certificados de vacinação e de recuperação emitidos por países terceiros, a cujos respetivos titulares tenham sido administradas vacinas aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento (Janssen, AstraZeneca, Moderna, Pfizer)”.


De acordo com o comunicado,  às pessoas que viajem para Portugal e outros destinos da União Europeia “deixa de ser exigida a apresentação de teste com resultado negativo no momento do embarque ou na entrada em território nacional dos cidadãos oriundos desses países, que passam também a estar dispensados de cumprir quarentena quando esta seja aplicável em função da respetiva origem”.


Mas o Governo luso avisa que neste momento “apenas são permitidas viagens essenciais de e para os demais países terceiros”.


Como viagens  essenciais, são nomeadas aquelas “destinadas a permitir o trânsito ou a entrada em Portugal de cidadãos por motivos profissionais, de estudo, de reunião familiar, por razões de saúde ou por razões humanitárias”.



Correio Angolense 



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