O MEU SÓSIA CIBER-DELINQUENTE- SALAS NETO



O alarme soou na manhã daquele sábado: estava um gajo a se fazer passar por mim no facebook, tendo já então enviado pedidos de amizade a meio mundo dessa rede social, a única em que me movimento!

Quem mo alertou em primeiro lugar foi o Soba Catato, um puto revu moderado, famoso na sanzala, garantindo que já tinha acionado as «medidas deveras» para a neutralização do reacionário que ousara clonar o perfil do líder natural das forças progressistas naquele espaço virtual.



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Já o Eduardo Cussendala, outro figurão da nossa aldeia global, mas conotado com os situacionistas, fez questão de ligar para mim, por forma a que o alerta fosse mais eficaz, evitando assim que a malandragem pudesse vir a lavrar por muito mais tempo, caso eu tivesse estado longe do computador.

Sempre que esse rapaz me surge, lembro-me que ele será um dos meus adeptos mais fervorosos, ao ponto de colecionar as crónicas que eu debitava no Jornal de Angola, nos idos de 80 e 90.

O gajo, hoje um granda madié na Shopritte, me contou que ia se passando, quando, ao chegar no cubico depois da cuemba, nos anos 90, «encontrou as suas crónicas não estavam».

Portanto, com uma proteção deste quilate, decerto que a reacção não tinha como passar. Estou aqui a pensar mazé quando é que alugo um camião para ir à loja do Palanca daquela rede comercial sul-africana apanhar as 15 cestas básicas que o Edu Cusse vai me passar certamente, só assim de abuso ou já no âmbito das oferendas de natal, sei lá, problema dele, eheheh, xé, falando nisso, lhe desconfio que cabaz esse ano tipo vai ser na pinguilita.

Pois, ia eu dizendo que, embora a clonagem de perfis seja algo que ocorra aos montões todos os dias no facebook, nunca tinha sido alvo disso, nos 11 anos que já levo de casa. Porque os delinquentes não deverão perder tempo a assumir a identidade de gajos que não contem para nada, mas sim de ministros, empresários, músicos e desportistas famosos, enfim, malta cujo nome permite a efectuação de manobras cavilosas e outras engenharias que resultem em lucros, sejam financeiros ou políticos.

Daí que, se por um lado entrara em  estado de alerta, dado o perigo sempre subjacente a um evento de natureza criminosa contra o meu manequim, por outro, foi impossível não exultar um bocado com o facto, por representar  uma certa elevação do meu status, ao ser incluído na categoria dos «clonáveis» do facebook.

Ora, era então fundamental saber o que poderia estar por detrás dessa evolução classista que me fora concedida pela cibermáfia. Duas linhas de pensamento se destacavam desde logo: uma que apontava para alguma tentativa de aproveitamento político, pouco consistente, reconheça-se, e outra, muito mais sustentável, que ia no sentido do clonador estar a perseguir eventuais benefícios económicos à pala do meu nome.

A primeira era pouco consistente, porque, como defendeu o Luís Silva Cardoso (não se lembram do Padepa?), não havendo como me cabular a alma, a pessoa que se predispusesse a publicar, como se fosse eu,  textos que acabassem por se revelar comprometedores para mim, estaria só a procurar azar na vida dele. Ou seja, trocando em miúdos, sendo a minha narrativa inconfundível ou inimitável, só um mentecapto ou um néscio, como diria o Domingos das Neves, não tendo noção do que faz, gastaria o seu rico tempo para nada, escrevendo coisas que qualquer cidadão com um mínimo de testa logo daria conta que não podiam ser da minha lavra. A não ser que fosse um seu colega mental.

Posto isto, posso dar como certo que o objectivo supremo do clonador, a solo ou em agência, se calhar estimulado pela história do computador que a ministra Carolina me ofertara, era o de fazer um peditório a todos os «amigos» com quem conseguisse estabelecer conversa como se fosse eu, apelando à sua solidariedade, a pretexto de alegadas necessidades prementes desse vosso servidor. De resto, se bem me lembro, alguém disse que chegou a teclar com ele, tendo o homem entrado com a ladainha de que esteve quase a embarcar por causa dos diabetes, pelo que toda e qualquer ajuda de sua parte, por mínima que fosse, seria muito bem-vinda, Deus haveria de prover. Felizmente, o coiso não caiu no truque.

Aliás, segundo o intrujão do Sabino, que aproveitou para me mandar um recado, do jeito em que as coisas estão apertadas para todos, as probabilidades do meu sósia vir a conseguir algum encaixe financeiro eram praticamente nulas. Agora já ninguém dá cumbu como ao tempo do pai-banana...



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