No interior do Maranhão, conhecida como “capital do feitiço no Brasil”, a cidade é palco de diversas interpretações sobre esta fama, associadas a leituras sobre a passagem do tempo.
Há algum tempo Codó é conhecida, na mídia e na literatura sobre a cidade, como a “capital da macumba” ou “capital do feitiço” no Brasil. Este traço identitário foi incentivado por alguns moradores que o reconhecem como marca distintiva positiva da cidade. Contudo, tal identificação positiva não é unanimidade. Na igual medida da fama de Codó (que recebe visitantes de todo o Brasil e inclusive de outros países) se constituem diferentes conflitos e contestações em torno desta identificação. Em meio às diferentes opiniões é possível perceber que os argumentos articulam temporalidades variadas.
Buscando relacionar a conceituação da cidade e as temporalidades, neste texto indico como esta relação é apontada por três abordagens específicas: o poder público (nas falas de interlocutores, em reportagens midiáticas e material bibliográfico sobre a cidade), os representantes e membros de igrejas pentecostais e neopentecostais (a partir de suas opiniões divulgadas em meios de comunicação na cidade e em outras pesquisas) e os “brincantes” do tambor e suas entidades. Este texto se detém, especialmente, sobre as narrativas deste último grupo, com o qual convivi mais intensamente durante a pesquisa de campo.
Poder público municipal
Há algumas décadas, o poder público fala das religiões afro-brasileiras e da feitiçaria como a “cultura do povo de Codó”. A fim de legitimar os pertencimento e práticas mágico-religiosas de muitos de seus moradores, diante de críticas e estigmas acionados por outros grupos, seus representantes optaram por tratar destes como a cultura e o folclore dos negros e, portanto, herança da cidade.
Religião
O conjunto das igrejas pentecostais e neopentecostais que existe, na cidade de Codó, é bastante heterogêneo. Destacam-se, pelo tamanho e número de templos, a Igreja Assembléia de Deus e a Universal do Reino de Deus. Mundicarmo Ferretti (2001) afirma que o crescimento das igrejas evangélicas no Maranhão, especialmente as neopentecostais, tem levado a um aumento da intolerância religiosa e dos conflitos, especialmente entre seus praticantes e as religiões afro-brasileiras.
Brincantes de Tambor
Terecô é tido como a religião africana originária da cidade de Codó, especificamente do povoado rural de Santo Antônio dos Pretos. O Terecô é uma religião de transe onde são incorporados, especialmente, encantados da mata e onde existe uma grande diversidade de práticas curativas. Em Codó, tanto no passado como na atualidade, alguns terecozeiros ficaram também famosos realizando “trabalhos de magia” por solicitação de clientes ávidos de vingança, de políticos, ou de outras pessoas dispostas a pagar por eles elevadas somas, o que lhe valeu a fama de “terra do feitiço”.
Bita de Barão
Bita do Barão ficou rico fazendo “trabalhos” para a poderosa família do Maranhão "Sarney", e seus correligionários.
No final de Junho viajei de São Luís do Maranhão para Codó a terra do já falecido Pai de Santo Bita de Barão. Segundo estatísticas há Cidade tem 300 terreiros, embora 98% de seus 118 mil moradores se declarem católicos
Conheci Janaína Nonato de Sousa, uma jovem mulher de 42 anos, filha de adoção de Bita de Barão, ela herdou o que pai deixou é hoje é chamada mãe-de-santo e administra a fortuna do pai.
Igual ao pai ela ostenta ouro e sedas feito uma magnata do petróleo e atua como um poder paralelo na cidade de Codó.
As práticas de Janaína fazem parte da religião de matriz africana denominada terecô, originada entre os escravos que trabalhavam nas fazendas de algodão de Codó. “Por ser nascido e criado em uma família cristã, nunca tinha ido ao terreiro, e não imaginava que lá haveria tantas imagens de santos católicos”.
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