TENTATIVAS PARA CONTROLAR A UNITA: QUANDO A LEGITIMIDADE VENCE A LEGALIDADE- JOSÉ GAMA



Uma das maiores preocupações    de Jonas Savimbi era um dia partir, e deixar  a sua UNITA   com uma direção que  passasse  a ser  indicada  a partir da sede do MPLA. Sempre que tivesse oportunidade,  chamava os seus colegas para orientar   o que deveriam fazer  quando já não estivesse entre os seus pares.  A primeira vez que o  governo angolano , procurou   determinar  abertamente o futuro da UNITA,  foi a margem dos acordos de Gbadolite quando propôs  a integração dos homens do “Galo Negro” no MPLA, e um exílio dourado a Savimbi. 


A segunda vez, foi já  com Savimbi  morto. Consta que   depois dos acordos de paz assinados a 4 de Abril de 2002,  o regime lançaria um “balde de água fria” na  então comissão de gestão liderada por Lukamba Paulo comunicando-os que tinham  um documento do Tribunal Supremo que expulsava Savimbi  da UNITA e com  reconhecia como legal a direção da  “UNITA-RENOVADA”. A comissão de gestão estava acorrentada. Sem acesso as contas do partido e etc.  O regime defendia-se dizendo  o tribunal   apenas reconheciam  direção do congresso de Janeiro de 1999, da RENOVADA e não o de 1996 que teve lugar no Andulo.  A então comissão de gestão recém chegada das matas, estava bloqueada em Luanda, sem fundos e sem meios para se movimentar.  JES convocava o Conselho da República e mandava o convite para a Renovada. A comunidade internacional reconhecia a UNITA que assinou os acordos de paz com o governo.  Eugenio Manuvakola que liderava a Renovada renunciou as suas funções de Presidente passando para o brigadeiro Gabriel Samy, este por sua vez, também resignou e passou a liderança para   Jorge Valentim. Este último, também resignou e   dirigiu-se  a  radio estatal para  anunciar  “perante a  África e ao mundo” que todos os militantes da UNITA reconheciam  Lukamba Paulo  “Gato”, como novo líder.  A legitimidade e bom senso  dos militantes da UNITA falou mais alto que os  documentos do Tribunal Supremo que baniam a direção  saída do congresso do Bailundo. 



Passado dois 18 anos, a UNITA vive o mesmo dilema, com o BP do MPLA, a produzir uma comunicado avisando que este partido tem a sua liderança por um fio. No final do dia, a legitimidade dos militantes da UNITA vai voltar a falar mais alto que os acórdãos do Tribunal. Os militantes da UNITA  tem estado a dizer que o  Tribunal retira-lhes a liderança, dia seguinte realizam um novo congresso  para  “escolher o que o inimigo menos gosta”.



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