BRIG PELEMBE, O PROTECTOR DE SAVIMBI – IN MEMÓRIA- JOSÉ GAMA



Até aos dias de hoje, é referenciado como o  “protector do velho”, que se notabilizou como o guarda-costas que mais tempo serviu à escolta do líder e fundador da UNITA,  Jonas Savimbi. Terá entrado em 1983 –   um ano antes da fundação do celebre batalhão Moche (o equivalente à UGP) - de onde saiu oficialmente em 1995. 


Como comando especial da escolta presidencial, Faustino Pelembe, nascido no Huambo,   foi treinado pelos  instrutores sul africanos, ingleses ou  marroquinos. Foi nessa qualidade que Faustino Pelembe esteve sempre presente em digressões que levaram o líder e fundador da UNITA a visitar as  principais capitais de países do ocidente.  



Deixou de ser visto publicamente a  fazer a guarda a Jonas Savimbi em  recepções semelhantes ao que o líder da UNITA  teve na África do Sul a convite de Nelson Mandela, em meados dos anos 90, tudo porque na  “guerra dos 55 dias”  no Huambo, em 1993, saiu ferido quando a aviação governamental bombardeou a  9 de Janeiro a  residência de Savimbi, em retaliação da morte de três  tanquistas por um  grupo de operações especiais  sob alçada  do   então brigadeiro  Alírio Jorge  “Big Jó”. 


Faustino Pelembe, que se encontrava no  exterior  da residência, tentou retaliar  em vão as  posições do governo quando já fora   atingido por um dos estilhaços que o atingiu a parte do pé esquerdo, passando desde então a  cochar. 


Jonas Savimbi, a quem ele cabia proteger, estava numa outra posição  chamada “eucaliptos” ao lado da Vila Nova,  mas havia interpretado  o bombardeamento da sua residência como o prelúdio de uma ofensiva contra a sua integridade. 


Aqueles que estiveram com ele de perto descrevem que Pelembe já  não podia ficar de pé  por muito tempo, pois os estilhaços estavam na planta  do pé, sem possibilidade de serem retirados. Na sua condição de debilitado,  foi declarado incapacitado para  fazer parte do  “cordão de segurança” de Jonas Savimbi. Porém, tendo em conta o  princípio de que  “na  segurança do Dr. Savimbi só se entrava e nunca se saia”, ou que “quem saísse era sempre controlado”, o brigadeiro Pelembe  foi mantido por perto,  participando  nas reuniões de orientação de questões de segurança. Deram-lhe uma tarefa menor, respondendo  por uma secção de  “logística estratégica” do velho. 


Amparou-se de Savimbi  no leste de Angola, quando o líder da UNITA     deu conta que a sua coluna estava a ser perseguida pelas Forças Armadas Angolanas (FAA) e desmembrou-se da mesma reduzindo a em retalhos.  Uma semana antes do fatídico  22 de Fevereiro de 2002,  as FAA anunciaram a captura de Pelembe ao lado de Arlindo Catuta e Rodrigues. 


Com o fim do conflito armado,  Pelembe despiu definitivamente a farda militar para se dedicar ao negócio  de pasto no leste de Angola.  Foi nessa região que, num certo dia, saiu  dos arredores da fronteira da  Zâmbia para as Lundas, transportando o seu gado. Durante a travessia de um rio, Pelembe morreu afogado quando tentava salvar o gado. Diz-se que o  antigo  problema da perna terá também contribuído para a sua pouca sorte. A  sua partida prematura continua a ser vista,  nas hostes da UNITA, como um enorme mistério à volta daquele que em vida foi o mais notável  protector do líder e fundador Jonas Savimbi.



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