Um esquema que permitia o levantamento de dinheiro nos ATM”s e pagamentos nos TPA”S numa hora em que o sistema do Banco de Poupança e Crédito (BPC) estava desligado da rede Multicaixa lesou, só este ano, o maior banco estatal em valores superiores a cinco mil milhões Kz, apurou o Expansão.
Na prática, este esquema só foi possível pois o software que sincronizava o banco à rede Multicaixa é antigo – encontra-se agora a ser actualizado – e a determinada hora, estando desligado da rede da EMIS, tem permitido o levantamento de dinheiro ou pagamento de compras a descoberto, ou seja, sem que o cliente tenha esse valor na sua conta. Fonte do BPC admite ao Expansão que, apesar de alguns casos em que alguns clientes por erro levantaram dinheiro a descoberto, existem no país “redes criminosas que angariaram centenas de pessoas nos bairros para que abrissem contas no BPC, solicitando cartões Multicaixa” para que, quase diariamente, procedessem ao levantamento de dinheiro sem ter os valores na conta.
E para isso terão contado com o auxílio de alguns funcionários do banco que abriram as contas bancárias a esses clientes. “Quando o sistema estava em baixo permitia fazer pagamentos e levantamentos sem os clientes terem esses saldos. Havia alguém dentro do banco que avisava que o sistema estava em baixo e aí começavam estas práticas. Durante uns tempos faziam isso todos os dias”, admite a fonte.
Nas últimas semanas, o BPC publicou uma lista de quase 11 mil clientes no Jornal de Angola a solicitar a sua presença numa das mais de 300 agências e postos de atendimento espalhados pelo país a fim de tratarem de “assuntos do seu interesse”. São, na sua maioria, clientes com dívidas ao BPC por levantamento de dinheiro a descoberto.
Mas não tem sido fácil fazer com que essas pessoas se desloquem aos bancos, pelo que a grande maioria será alvo de queixa na polícia por fraude ao banco. “Nessa lista constam apenas os clientes que devem mais de 50 mil Kz. Não é fácil perceber quem fez este tipo de prática por erro ou por crime e, por isso, optámos como valor mínimo pelos 50 mil Kz. Há pessoas que devem actualmente entre 4 a 10 milhões Kz e essas sim dá para perceber que fazem parte do esquema. Mas não conseguimos chegar a essas pessoas e quando conseguimos percebemos que não eram elas que movimentavam as próprias contas”, revela uma fonte do banco. Isto porque muitos destes clientes agora em dívida foram abordados na rua por indivíduos que, em troca de valores, como 20 mil Kz, lhes pediam para abrir contas nas agências do BPC e para solicitar cartões Multicaixa.
De seguida, os cartões eram entregues a esses indivíduos que depois “alimentavam” uma rede de pessoas que, sempre que o sistema era desligado, iam para os multicaixas levantar o máximo de dinheiro possível. “Suspeitamos que, além de funcionários do BPC, esteja envolvido também alguém dentro da EMIS e pessoas de foram destas duas instituições que são os recrutadores”, revela a fonte.
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