O novo presidente da Associação das Instituições de Ensino Superior Privadas Angolanas (AIESPA), Filipe Silvino de Pina Zau, defendeu o aumento de preços de propinas para que haja melhorias na qualidade de ensino.
Ao discursar na tomada de posse, Filipe Zau realçou a pressão sofrida com o pagamento de impostos, e a baixa arrecadação de receita, principalmente quando comparada a mensalidade pagas nos demais subsistemas de ensino como creches e ensino primário, que chegam a duplicar ou a triplicar.
Ainda em comparação a estas, frisa que a estrutura de custo das mesmas é manifestamente inferior às exigências de uma instituição de ensino superior, algo que deve ser consertado.
“O Executivo deve reconhecer o papel social de uma universidade no seu desenvolvimento para economia do País, e isso só vai acontecer se dermos valor aos professores com mestrado e doutoramento, o que não é exigido na creche ”,disse.
Realça que a investigação científica é feita por mestres e doutores, porque têm formação e um nível de conhecimento que lhes permite, se assim não for, o ensino no País continuará débil.
“Se não fizermos investigação para formação, não temos inovação, é o mesmo que estarmos a fazer catequese (conhecimento repetido de ano após ano)”.
Para estes problemas serem ultrapassados implica um melhor pagamento salarial.
“Não faz sentido que um professor catedrático, associado, com vários anos de experiência ganhe muito pouco, às vezes menos que um professor de colégios”.
Economistas divergem na questão
Por outro lado, o economista Maximiano Muende considera que com o actual cenário económico pelo qual as empresas e as famílias atravessam, há uma luta pela sobrevivência e as empresas lutam para se manterem rentáveis, ainda que custa a perda de margens de lucro.
Para Maximiano, as famílias lutam para manterem o nível mínimo de consumo de satisfaça as suas necessidades mais básicas, entre essas necessidades encontra-se a educação e formação.
Segundo o economista as instituições do ensino superior, devido a conjuntura terão visto o aumento das suas despesas operacionais, e por isso, é normal que estejam a planear, aumentar ou ajustar os preços das propinas para manter os salários e demais serviços que permitam a sua operacionalidade.
O Executivo deve reconhecer o papel social da universidade no desenvolvimento economia
Na procura dos serviços de educação e formação encontram-se cidadãos cuja a larga maioria provém de famílias com baixos rendimentos e jovens que exercem alguma actividade comercial de subsistência para sustentarem os seus estudos e a sua própria vida.
Havendo uma redução drástica do poder de compra daqueles que procuram os serviços de educação e formação, a estratégia do aumento ou da manutenção da lucratividade por via do preço, pode ser uma espada de dois gumes devido a perca profunda do mercado.
A probabilidade de se verificarem aumentos no número de desistências naquelas instituições será muito elevada e caso venha a concretizar-se, as instituições poderão ver os seus proveitos operacionais a diminuírem e a afectarem a lucratividade ou o resultado esperado do exercício.
“As instituições de ensino devem definir a estratégia que melhor se adequa ao contexto económico e as condições financeiras dos seus clientes, os estudantes, por um lado, mas também, por outro lado, devem velar pela continuidade do seu normal funcionamento de tal modo que lhes seja possível honrar com os seus compromissos.
Por sua vez, o também economista Heitor Carvalho considera que as propinas tal como estão, degradam completamente o ensino superior.
“Tínhamos duas universidades nas 100 africanas e agora a melhor está pelos 212 ou 214 classificados. Não cabe ao ensino universitário resolver o problema das pessoas sem capacidade e sem meios para estudar, cabe ao Estado através do sistema de bolsa de estudo”.
As empresas e particulares através de acções de responsabilidade social, mas é preciso que o Estado incentive esta prática pelo menos reconhecendo a despesa como custo fiscal. As universidades, públicas e privadas, existem para ensinar e ensinar com qualidade, não para fazer acção social. “Acção social cabe ao Estado” afirma.
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