O grito de socorro vem de dezenas de viúvas e órfãos de agentes da Polícia Nacional angolana, em maior número nas províncias de Moxico, Lunda Sul, Cabinda e Cunene, onde viúvas e órfãos de quem perdeu a vida em nome da Pátria dizem sentir-se abandonados à sua sorte, desde o falecimento de seus entes, muitos há mais de dez anos sem pensão de sobrevivência.
Os familiares acusam a direcção geral da Polícia Nacional, recursos humanos e o Cofre de Previdência da Polícia Nacional (CPPN) de um total abandono no processo de cadastramento para que venham a beneficiar do apoio devido por lei, de acordo com as funções e cargos desempenhados pelos seus ente queridos, enquanto efectivos da PN destacados nos comandos provinciais de polícia de Moxico, Lunda Sul, Cabinda, Cunene, e não só.
Muitos dos polícias perderam a vida no exercício das suas funções, como conta ao Club-K, a viúva Alcina Da Conceição Chilombo, que o seu marido faleceu em 2015 em missão de serviço, mas até a presente data, não existe resposta da parte da PN que agrade os familiares, tendo como fonte de sobrevivência a mendicidade.
“Precisamos cuidar dos nossos filhos com apoio da polícia onde os nossos parentes estiveram a cumprir o serviço em nome da Pátria. Morreram em nome desta Angola, mas hoje nem sequer recebemos pelo menos subsídio de sangue ou de viúva. Os filhos não estudam, não há saúde nem alimentação”, disse César João, um dos reclamantes, em nome de seus sobrinhos órfãos.
Familiares há (entre viúvas e órfãos) que estão atrás do mesmo processo desde 2008, segundo afirmam, sem solução para os problemas que afecta mais de 30 famílias. Por exemplo, Fernanda Laurinda perdeu o marido em 2016, diz estar cansada e desesperada pela morosidade do processo, e nunca beneficiou de qualquer pensão de falecimento do cônjuge por parte da PN.
“Temos colegas que estão aqui desde 2008, imagina eu que meu marido morreu em 2016?” Questionou a viúva, alegando que “os problemas a este nível não são resolvidos junto da entidade a fim por vontade própria e desinteresse continuado em assistir os órfãs e viúvas”, clamou.
Segundo uma outra fonte, preferindo o anonimato, desde a morte do seu pai em 2012 não recebe a pensão de sobrevivência, a sua mãe nunca recebeu o subsídio de seis meses de viuvez, nem qualquer outra assistência equivalente.
"Tratámos e entregamos todos os documentos que nos pediram, mas nada. Sempre a mandarem aguardar. Já recorremos a vários sítios, a resposta é sempre negativa”, disse o jovem de 21 anos de idade.
Essas famílias reiteram o pedido de ajuda por parte de quem de direito para aliviar o sofrimento social porque passam todas elas, há muitos anos, que perderam seus familiares na condição de agentes efectivos ao cumprimento do serviço da Polícia Nacional.
O Club-K procurou ouvir as direcções de recursos humanos das províncias em causa, mas sem resposta, o mesmo esforço terá sido evidenciado junto da direcção geral, em Luanda, de igual modo, mal sucedido.
Club-K
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