O MPLA pode até ser o grande mentor das deserções em massa de militantes da UNITA, que depois surgem nos órgãos públicos a desancar sobre a direcção e o seu líder, Adalberto Costa Júnior (ACJ), mas o amadorismo no segundo maior partido não é culpa dos ‘camaradas’.
Há quem entenda que denúncias de má gestão e nepotismo, infundadas ou não, começam a fragilizar ACJ, ao passo que outros pensam que tais ‘manobras’ reforçam a vontade de triunfar. São correntes de opiniões que valem o que valem, mas o facto, visto à lupa neste espaço, é o amadorismo, o tiro nos próprios pés.
É preciso saber aproveitar o momento de caos no país. O terreno é bem mais fértil para uma oposição, com referência ao após-1992, ainda que naquela altura o ‘Galo Negro’ tivesse Jonas Savimbi, um carismático, astuto, animal político no verdadeiro sentido da palavra.
Os angolanos, aqui e acolá, dizem que já não há paciência para aturar tanto sofrimento. Ao contrário do MPLA, partido que tira proveito da sua estrutura, mesmo com os atropelos às normas e à ética, a UNITA tem como característica uma espécie de dependência total do seu presidente, já que, em termos estruturais, parece muito dúbia.
Os seus militantes são facilmente ‘aliciados’ , não apenas na base, mas como também no topo. Sérios riscos para um partido que tenciona ser governo.
A UNITA, infelizmente, sobretudo para a democracia, começa a perder a sua essência, tudo o que levou muita gente a admirar o partido, como os princípios de nacionalismo, patriotismo, africanidade e lealdade. Espero que ninguém associe estas baixas à globalização.
Mfuca Fuakaka Muzemba, jovem da minha geração, de quem esperava uma postura de compromisso com o país, está a partir para outra, embora a ruptura com a UNITA tenha já alguns anos.
Mas vai procurar alguma mossa, mesmo que pareça um pau mandado do opressor no sentido de confundir, sobretudo os jovens menos atentos. Mfuca Fuakaka Muzemba representa, para mim, uma decepção, ou melhor, vergonha! Nada, entretanto, que ilibe a UNITA do ‘crime de amadorismo’.
O partido de ACJ envolve-se com muita gente errada, como, por exemplo, David Mendes e Carlos Alberto. Como se pode ver, parece que ainda não ganhou juízo, pois só assim se compreende o retorno de alguns tidos como traidores.
O ano de 2022 é de teste. Se não conseguir ser governo, não será, julgo, nem mais tarde, porque até lá teremos já partidos liderados por jovens verdadeiramente identificados com a causa Angola.
A UNITA, repito, tem uma brilhante oportunidade, pois o MPLA vive a pior fase da sua existência, daí que João Lourenço possa ser visto como um militante da oposição.
O silêncio de ACJ face a todas as denúncias pode não ajudar, talvez contribua para fragilizar a imagem do antigo líder da bancada parlamentar.
Angola precisa de nova liderança, capaz de resgatar a alegria de um povo que sofre com a má governação, péssima divisão das riquezas do país.
É normal, talvez pela ânsia de mudanças no país, que comece a ter alguma desconfiança/preocupação. Poderia avançar com muitos exemplos, bem mais consistentes, mas a minha inquietação surge também por ver, até pelo que escrevo acima, Adalberto envolver-se com algumas chamadas figuras públicas, sobretudo músicos, que se venderam ao MPLA num passado recente.
Esta gente só se preocupa com a sua barriga, já não serve para ajudar na conquista do eleitorado. E, cuidado, uma vez que podem ser lobos vestidos de cordeiros.
O país precisa de uma outra UNITA, mais incómoda para o MPLA e que mostre realmente uma solução para os problemas do sofredor povo angolano. É agora ou nunca!
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