MILIONÁRIO LÁ, CANGANDALA CÁ!- SALAS NETO

 


O meu amigo Sousa Jamba diz que, se eu vivesse nos Estados Unidos da América, por via das minhas crónicas seria milionário na certa, com mansões em pelo menos duas cidades, governadas por empregadas vindas da Venezuela, que são das gajas mais bonitas do mundo.

No entanto, se por lá a minha vida seria paradisíaca, por cá é praticamente infernal, sendo que as crónicas não me rendem quase nada. Aliás, tanto é assim que, por exemplo, daqui a dias faz dois anos desde que lancei o meu segundo livro, mas até hoje nunca recebi um lwei sequer do editor da obra, o jornalista Pedro Neto, esse mesmo que é agora um dos homens fortes da Midianova, não sei se o gajo anda a me intrujar ou quê, embora pareça o mais provável. Há dias combinamos um encontro no meu chalé, para tratarmos das pendências, ele que me entregue os exemplares todos, até porque tipo nada anda a fazer com eles, mas também não passou dum mero engulubamento, pois nem se desculpou sequer, essa gente já não respeita ninguém.


Enquanto o lobo não vem, às vezes, paio um ou outro exemplar dos poucos que tenho em casa. Foi o que sucedeu hoje: o jornalista Humberto Costa, agora ao serviço do Acnur na Lunda Norte, veio para comprar um, mas acabou por levar dois, ainda por cima, em meio a uma muito boa conversa. Megusta mucho. Os cinco paus vieram mesmo a calhar, já que estou a travar às quatro rodas. Paguei ao Carvalho, que me estava a cortar o cabelo na hora, mandei apagar o kilape na Galiana, dei parte à tia Ngonguita para completar as coisas do almoço (peixe frito com mandioca e batata doce em molho de tomate) e fiquei com quinhentos angolares para segurar o bolso.  E lá o dia passou. Em Angola, vida de escritor cangandala é assim, um puxa-saco daqueles. Puta-que-paliu!



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