Em Março deste ano, o Presidente da República, João Lourenço, autorizou a compra de 6 milhões de doses da vacina Sputnik V no valor global de 111 milhões de dólares. Ou seja, por cada dose, Angola pagou 18,5 dólares. Mas, então, onde está o problema?
O problema reside no seguinte:
1. Na altura em que o RDIF (Fundo de Investimento Directo Russo, proprietário da vacina) anunciou o início da comercialização da Sputinik V, indicou claramente que a sua vacina seria comercializada abaixo de 10 dólares;
2. Uma vez que cada dose custava menos de 10 dólares, a inferência é que Angola gastou o dobro do preço;
3. O grupo micheiro que arquitectou a sobrefacturação das vacinas ficou com 51 milhões nos bolsos, pois, não há evidências de que a RDIF recebeu os 111 milhões de dólares para as 6 milhões de vacinas.
Deve ser notado (lembrado) que a sobrefacturação tem sido um dos principais mecanismos por via dos quais os larápios espalhados como cogumelos em todo o aparelho do Estado têm drenado dinheiro público.
Com o caso das vacinas, o Presidente da República revelou possuir no seu gabinete e no seu governo uma série de fragilidades que são inacreditáveis. E tudo indica são fragilidades mantidas propositadamente, ou seja, para viabilizar os esquemas de sobrefacturação.
Assim vai Angola, o país dos micheiros.
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