J'LO bate o seu próprio recorde de "Exonerador", transformando Luanda num laboratório experimental para governadores- Luís de Castro

O MPLA continua a fazer de Luanda um laboratório experimental para governadores, basta olhar para o retrovisor e perceber o caos governativo dos últimos 10 anos, que está mergulhado o Centro do Poder Executivo, Legislativo e Judicial de Angola.

Não se compreende como é possível que um partido que governa o País há 45 anos, ainda não encontrou a solução para os "problemas" de Luanda.

Ao tomar conhecimento, por via das redes sociais e de fontes fidedignas, que o afastamento de Joana Lina Ramos Baptista Cândido do cargo de Governadora da Província de Luanda foi fruto de um pequeno frenesi com o ancião Bento Bento, o MPLA e o seu Líder demostram claramente que andam na contra-mão dos seus discursos orientadores e que neste momento o mais importante é a manutenção do Poder, e que se "lixe" a vida dos angolanos.

Diga-se em abono da verdade na Administração de Joana Lina (JL) os amontoados de lixo tornaram-se o principal cartão postal da cidade e arredores, um pouco por culpa do contexto socio-económico do País. Sob JL pesa também a gafe de não ter acautelado um "Plano B", após ter rescindido os contratos milionários com as operadoras de lixo.

Para os funcionários do Palácio da Mutamba, a repescagem do promotor de sopas solidárias "sem osso" à primeiro Secretário Provincial do MPLA foi um prenúncio que Joana Lina tinha os dias contados no comando da "Capital Lixocratica" de Angola, a julgar pela verticalidade que caracteriza a então-governadora, que não se deixava intimidar pelo jogo e/ou conflito de interesses de Marimbondos, Ex-marimbondos e Caranguejos, reinante numa selva chamada Luanda.

Um cenário que, certamente, já tinha sido desenhado pelo Titular do Poder Executivo que por falta de coragem para exonerar JL, fez recurso a velha "Escola do Partido": dividir para melhor reinar.

Sedento de Poder e de protagonismo social, Bento Bento não hesitou em provocar a "queda" daquela que foi a segunda mulher a ocupar o cargo de Governadora de Luanda. A génese do problema o facto de JL proibir a realização de uma marcha que visou enaltecer a figura do Presidente João Lourenço, em cumprimento escrupuloso da lei, face a existência de um decreto presidencial que desaconselha ao ajuntamento de pessoas, como medida de contenção a propagação da Covid-19. "O decreto presidencial n° 62/22 diz que as actividades dos paridos políticos devem ser apenas de 50 pessoas, e a lei é igual para todos os partidos".

Dito de outro modo, face as tradicionais querelas internas no partido dos Camaradas, que já se tornou numa marca, Joana Lina foi punida "exemplarmente" por fazer cumprir rigorosamente o decreto presidencial.

O PR João Lourenço vai se revelando um péssimo estratega e mau gestor dos Quadros do seu partido, ou seja, J'LO desautorizou-se ao punir Joana Lina por fazer cumprir um decreto presidencial.

Desde a investidura de João Lourenço à Presidente da República, Luanda já teve quatro Governadores, um rácio de um governador por ano, o que demostra claramente que o problema da capital do país é sistémico, e nem mesmo o próprio J'LO como governador de Luanda seria capaz de trazer outra dinâmica a metrópole.

Ao exonerar JL do cargo de Governadora de Luanda, o Xadrezista J'LO bate o seu próprio recorde de "Exonerador sem norte", revelando que não tem controle da sua "caneta" e vai mexendo às peças do Executivo, por via de intrigas palacianas.