Há 10 anos, o Semanário Angolense abordava a composição étnica do Governo que naquela altura se mostrava nitidamente desequilibrada. Persistia a velha lógica de privilegiar a escolha de ministros originários da região kimbundu, não só em número como também no acesso a pastas e pelouros mais importantes. Tal facto apenas contribuia para acirrar velhos ódios e recalcamentos étnicos, os quais - não adianta fingirmos que não vemos - até hoje ainda não foram vencidos. Prova-o o burburinho suscitado, nestes dias, por Yanick Afroman, com a canção "Eu sou Bakongo".
Se calhar, esta é uma boa ocasião para fazermos o inventário de como está o Poder Executivo nessa matéria. Ou seja, verificarmos se já temos mesmo no Governo o necessário e recomendado equilíbrio.
Estou convencido que, apesar das aparências, nem tudo ainda "é trigo limpo". De modo que não acho que já seja hora de baixar a guarda. Continua a ser crucial, como política governativa de uma sociedade de pós-conflito como é a nossa, a busca persistente de antídotos contra quaisquer tipos de exclusão. A diversidade étnica não se afigura, necessariamente, uma ameaça à unidade do Estado nem deve ser uma fonte de colisões permanentes. É gerindo adequadamente a diversidade e respeitando as identidades culturais que este país terá melhores condições de promover a sua estabilidade, a democracia e o tão almejado progresso material.
De resto, não há como escapar dessa verdade do mundo actual. Segundo ressalta a própria Organização das Nações Unidas (ONU), quase nenhum país é inteiramente homogéneo. Os quase 200 países do mundo contêm cerca de 5 mil grupos étnicos.
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