No Brasil, basta que fulules umas rodadas num bar de esquina ou te hospedes num hotel de cinco estrelas em Copacabana, como já tive ensejo de o fazer, modéstia à parte, para que, mesmo sendo mbumbo, todo o mundo te trate por doutor a torto e a direito. Por cá, ainda não chegamos a tanto, mas, em contrapartida, acabamos por ser piores noutras modalidades: por exemplo, não deixa de ser doentia a «exigência» que os nossos licenciados e bacharéis fazem para que sejam tratados por doutores, em especial quando são convidados para entrevistas e debates nas rádios e televisões, contando com a cumplicidade dos moderadores ou apresentadores desses espaços para a consumação do crime. Sim, é crime de falsa qualidade alguém fazer passar-se por doutor sem o ser realmente, como acontece descaradamente todos os dias entre nós.
Esta psicose colectiva, além de ridícula, acaba por ser uma grande desconsideração e clamorosa falta de respeito a quem queimou as pestanas e deu o sangue para conseguir esse título académico, agora banalizado por indução de quem ainda tem muito que fazer para obtê-lo depois da licenciatura. O pior é quando nem isso merece credibilidade: tenho um amigo «formado» na Rússia, que diz ser «licenciado em jurisprudência», ahahahahahahahahahahahahah.
Pelo que sei, por força duma convenção qualquer do século 19, é costume chamar-se doutor mesmo sem o serem já realmente a médicos, advogados e juízes. Os restantes deviam é ir para a cadeia assim que tentassem nos intrujar em hasta pública. Quem quiser ser tratado por doutor, que estude mais, tal como eu penso fazer, quando a pandemia acabar.
Abaixo os falsos doutores!Viva a honestidade intelectual!
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