“BEN BEN” MEDIANDO MAL ESTAR ENTRE UNITA E PORTUGAL- José Gama

Em Setembro de 1993, uma delegação da UNITA chefia pelo General Ben Ben seria recebida pelo Presidente de Portugal, Mário Soares para entrega de uma carta do seu líder no seguimento de um mal estar em que o Governo de Cavaco Silva que reclamava ter sido insultado por Savimbi. Fazia parte da delegação Jorge Valentim, Eugenio Manuvakola, Adalberto Jr, e Fatima Roque. No interior de Angola, a cidade do Huambo esta tomada pela UNITA e Portugal reclamava que este partido tinha portugueses sobre cativeiro. Ben Ben dava garantias a Soares de ter dado ordens aos seus homens, no terreno, para providenciar segurança e proteção a todos português que caíssem nas mãos da guerrilha. Dizia também que quanto aos portugueses que estavam no Kuito nada podiam fazer porque esta cidade estava controlada pelo MPLA.

Durão Barroso, então Ministro dos negócios estrangeiros do governo do PM, Cavaco Silva recusou receber a delegação invocando princípios de dignidade. “Nos achamos que por questões de dignidade, é que não poderíamos receber membros da UNITA ao nível do governo, porque a UNITA teve um comportamento em relação aos portugueses em Angola que não é correcto. A UNITA insultou o governo português que é um órgão de soberania e mal vai um país cujo governo não defende as suas próprias instituições. Por uma questão de dignidade nos não podíamos neste momento receber a UNITA”.

A irritação do executivo português teve como pano de fundo uma deselegante declaração de Jonas Savimbi a radio Vorgan, em que responsabilizava Barroso e Cavaco pela situação em Angola. “Não confio no Cavaco Silva, não confio no Durão Barroso. O Cavaco Silva e o Durão Barroso querem a guerra aqui, para venderem uniformes e carros. Confio profundamente que se Portugal desistir da sua interferência no país e der o papel da mediação a ONU haverá paz e haverá respeito. Chegaremos a uma conclusão. Mas se Portugal persistir a pensar que Angola é uma colônia, os angolanos não vão aceitar portugueses e os culpados serão Cavaco Silva e Durão Barroso".