Segundo um levantamento, “Valdmiro Piedade” entrou no Movimento Revolucionário logo após a saída de Benilson Pereira Bravo da Silva, um agente do SINSE que se encontrava igualmente infiltrado no seio destes jovens.
A “admissão” de “Valdmiro” aconteceu depois de ele ter criado, em 2013, uma conta fantasma nO facebook. Através desta conta interagiu com o grupo dizendo que era desempregado, descontente com o regime e que se simpatizava com a luta destes.
Começou por interagir com um activista que atente pela alcunha de “Alemão Monstro Imortal” e através deste aproximou-se a Nito Alves de quem se tornou num suposto “grande amigo”. Como dispunha de viatura própria, apoiou sempre Nito Alves, nas suas deslocações. O seu nome estava sempre nas cartas que endereçavam ao Governo Provincial de Luanda (GPL), comunicando a realização de manifestação pacifica ou vigílias na capital do país.
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Por outro lado, ao longo destes dois anos de convivência com o grupo, alguns jovens do Movimento manifestavam reservas em torno da pessoa de “Valdmiro” pelas razões seguintes:
-- Sempre que realizavam manifestações, ele nunca foi preso nem tão pouco agredido pela Polícia Nacional. No momento das manifestações ficava num local ou canto distante do grupo.
-- O grupo impõem como principio, de que todos ou um grupo restrito deve conhecer a casa de cada um. “Valdmiro” foi o único que se recusava ou dava rodeios para mostrar a sua casa. A última vez que foi abordado sobre este assunto alegou “falta de condições” e que a casa estava ainda em obras. Contudo dizia que morava no Cazenga e que o chamado “Núcleo dos activistas do Cazenga”, conhecia a sua morada no bairro.
-- Dizia que era desempregado mas também há versões de que se apresentou, ao grupo como electricista.
-- Sempre “rejeitou” ser fotografado. Em todas as imagens disponíveis com o grupo de activistas, ele aparece a esconder ou a virar o rosto das maquinas fotográficas. Noutras vezes usa um chapéu preto de marca adidas, que nunca tira. Certo dia foram a praia e no momento de fazerem as fotografias ele não aceitou tirar o chapéu da cabeça, até mesmo para entrar na água.
COMPORTAMENTO DEPOIS DA PRISÃO DOS ATIVISTAS
-- Logo após a detenção dos ativistas Valdemiro retirou todas as suas fotografias da sua pagina fantasma do facebook e acionou mecanismos de restrição.
-- Na primeira semana da detenção dos ativistas, visitou os amigos na cadeia de Calomboloca. Um dos detidos Arante Kivuvu confrontou-lhe dizendo que tinha informações de que ele teria traído o grupo. Vladmiro não reagiu as acusações e desde então nunca mais foi visto a visitar os amigos na cadeia.
-- Distanciou-se totalmente dos “revús” que estavam soltos e desde então deixou de atender as chamadas telefônicas destes supostos amigos. Houve um dia que recebeu um telefonema para uma mediação destinada a identificar o “traidor” no grupo mas recusou-se a comparecer ou fazer parte do encontro.
Geralmente, Vladmiro Piedade sentava-se no último assento da penúltima fila do lado direito da sala, tendo ao seu lado o activista Graciano Brinco. A frente de Brinco sentava o activista Rolim e por sua vez a frente deste ficava o actual preso político Albano Bingo. No dia 23 de Maio de 2015, data em que foram feitas as gravações exibidas em tribunal, Graciano Brinco e Rolim não foram a palestra por falta de dinheiro para taxi. Porém, através do vídeo exibido, pelo Tribunal de Luanda, os presos políticos puderam também reconhecer que as gravações feitas de trás, vinham do lugar de Vladmiro. Na mesma gravação foi filmado Albano Bingo com a sua camisola cor vermelha.
Quem é de facto “Valdmiro Piedade”?
De acordo com um apurado levantamento, trata-se de um jovem oriundo da Polícia Nacional, na altura com 35 anos de idade, nascido em Luanda, num dia 25 de Janeiro. Ao contrario do que transmitiu aos amigos de que vivia no Cazenga, o sujeito da historia morava, num quarto andar (Casa 401), na centralidade do Sequele (Cacuaco).
De entre todos os que participaram nas palestras de Domingo da Cruz, ele é o único que o apresentam com um nome propositadamente incorrecto, na lista dos “presentes às palestras” que consta na pronuncia do Juiz Januário Domingos. Apresentam-lhe com o falso nome de “José da Piedade”, mas conservaram o seu sobrenome verdadeiro para não causar desconfiança entre os outros. Seu verdadeiro nome é: Valdemiro Gama da Piedade, portador do BI: 000230237LA016.
Nos documentos e comunicados do grupo tal como na sua conta fantasma no facebook, ele escreve erradamente o seu primeiro nome sem a letra “e” depois do “d”, ficando “Valdmiro.” (o nome correcto e verdadeiro é Valdemiro)
Há informações de que terá sido ele a indicar a casa de Osvaldo Caholo. Ambos são vizinhos, na centralidade de Sequele. Valdemiro conheceu a casa de Oslvado, quando um certo dia, foi levado para um almoço/aniversario nos aposentos daquele.
Osvaldo Caholo é o tenente da Força Aérea Angolana que foi preso dois dias depois da detenção do grupo. Tanto Caholo como uma outra ré Rosa Conde, apenas fizeram-se presente num único dia, que foi o primeiro dia da palestra.
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