Pedro Godinho diz que Sonangol estava num ‘beco sem saída’



A alienação de blocos petrolíferos é o único caminho airoso que a Sonangol pode seguir, nesta altura, para sair da extrema crise em que está mergulhada e aliviar as pressões que vive a nível das suas participações nos vários blocos petrolíferos, considerou o especialista em petróleo Pedro Godinho.


O também presidente da Câmara de Comércio Americana em Angola AmCham-Angola reagia ao Mercado ao lançamento do processo de alienação parcial das participações da Sonangol em oito concessões petrolíferas onshore e offshore para, segundo a petrolífera, reavaliar a carteira de investimento.






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O objectivo é garantir o cumprimento e a implementação da sua estratégia de exploração e produção, passando de 2%, com uma produção estimados, em 220 mil barris de petróleo dia (BPD) para 10% até 2027, numa altura em que os níveis de produção nacional estão estimados em 1,2 mil BPD.


Para Pedro Godinho, a venda de activos e participações da Sonangol é a única saída para a sobrevivência da própria empresa, uma vez que nalguns blocos a falta de pagamentos e cumprimento dos cash calls, que servem para pagar as despesas mensais nas concessões em que a petrolífera estatal detém participações, colocou em causa a continuidade de algumas multinacionais que fazem parte do grupo empreiteiro.


As necessidades financeiras da Sonangol estão cifradas em sete mil milhões USD até 2027



Não tendo honrando com os compromissoassumidos,segundo o contrato de partilha de produção (PSA, na sigla em inglês ) e o JOA- Acordos de Operações Conjuntas, a Sonangol arriscava a ficar sem a sua quota parte nos bloco sem que tem participações, cuja produção seria repartida entre os restantes membro do grupo empreiteiro. Mas, por questões políticas, Pedro Godinho salientou que as demais empresas foram fechando os olhos, temendo retaliação, porque a Sonangol actuava na altura como árbitro e jogador ao mesmo tempo, uma vez que era ela quem concedia as concessões às empresas de petróleo antes da criação da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Bio-combustíveis (ANPG).


Como consequência da actitude da companhia estatal angolana, muitas empresas do grupo empreiteiro deixaram de pagar às empresas de prestação de serviços, tendo levado à falência de muitas delas e atirado ao desemprego centenas de jovens.


Do ponto de vista do Doing Business essa imagem é bastante negativa para o País e Pedro Godinho acredita que deve ter havido também uma intervenção do FMI para o bem do sector.


Portanto, como enfatiza, o pagamento dos cash calls, a gestão ruinosa da companhia nos últimos anos, a dívida contraída pelo País à China, que tem sido paga com recurso ao petróleo a Sonangol tem direito fruto das suas participações nos diversos blocos, foram factores que determinaram a venda das suas participações para financiarem-se.




Financiamento de sete mil milhões USD


As necessidades financeiras da Sonangol estão cifradas em sete mil milhões USD até 2027, montante para suportar o conjunto de compromissos financeiros sem carteira conforme explicou esta semana o administrador  executivo da petrolífera, Joaquim de Sousa, lembrando que a dívida da empresa rondava os 900 milhões USD até finais de 2020.


Mas Pedro Godinho alerta que a venda das participações só será possível se por acaso surgirem empresas interessadas no negócios, “porque estamos numa nova era, com um novo paradigma relacionada com as energias renováveis e energias verdes, que chamam a atenção das grandes multinacionais, que têm sido pressionadas a mudar o seu paradigma de actuação, no sentido de investirem cada vez menos nos hidrocarbonetos.


“Trata-se de activos orçados em vários biliões USD e o problema é arranjar que vai ficar com essas partições. Portanto, se a Sonangol conseguir vender acredito que será aos desbarato, porque a própria BP não consegui desfazer-se das suas participações nos blocos 18 e 31”, afirma.


Por seu lado, o economista Gaspar João acredita que se o valor residual dos activos for inferior ao valor da alienação, o processo poderá trazer uma mais-valia para a companhia, que assim poderá refinanciar-se, numa altura em que o preço do crude está em queda nos mercados internacionais.


A venda de activos e participações da Sonangol é a única saída para a sobrevivência da própria empresa.


Acredita que a estratégia de exploração e produção que pretende passar de 2 a 10% até 2027 ainda pode ser atingida, desde que os recursos resultante das alienações dos activos sejam efectivamente investidos nos blocos em que continua á operando por formas a resultar no aumento da produtividade de tais blocos.


Paralelamente, avança, a petrolífera nacional poderá reduzir custos e maximizar os resultados, pois, é mais rentável produzir de forma eficiente em um número reduzido de blocos do que cobrir elevados custos de muitos blocos com grandes probabilidades de não serem recuperados, sobretudo no actual contexto de frequentes oscilações. 



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