Ossadas de Mango com sinais de tortura


As ossadas atribuídas ao falecido Secretario-Geral,  Adolosi Alicerces 'Mango', revelam sinais de alguém que - em via -  terá sido torturado e estrangulo antes de morrer, o que se aproxima a versões antigas de que o mesmo fora sujeito a sevicias, antes de ser executado pelas autoridades angolanas nos confrontos pôs eleitoral, de Outubro de 1992


“Os cadáveres de Mango e os outros, foram muito maltratados”


Ao estar diante das ossadas  para recolha de amostras para os exames de ADN, uma irmã sua, Alda Alicerces Simões terá  se sentido desolada e inconsolada conforme, discrição feita pelo esposo,  a um canal  interno da UNITA.




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“Dadas as minhas tarefas profissionais não a pude acompanhar. A noite, ao chegar a casa, encontrei-a desolada, consternada e inconsolada. Dei-me conta, naquele momento, que estar diante das ossadas de um ente querido é, na sua essência, realizar e viver um novo óbito. A revivência do trauma é tão intensa como se o ente querido tivesse morrido nesse dia”, lê-se na comunicação do esposo Aníbal Simões,  que o Club-K teve acesso.


 


Segundo ainda o esposo “diante do relato dilacerante do que ela vira das ditas ossada, e que não revelo por contenção, uma pergunta dolorosa brotava insistentemente dos seus lábios; pergunta que martelou e continua a martelar a minha mente: por que razão os restos mortais não haviam sido entregues a mais tempo? Por que razão apenas agora se os entregava num ambiente excessivamente mediático e numa altura em que os mesmos estavam num elevado grau de desagregação? Por que razão se decidiu por essa opção, sabendo que não possuímos uma adequada cultura de conservação de cadáveres? Aliás, num país em que nem os vivos são objecto de atenção, pode imaginar-se o grau de desatenção que se devota aos mortos e, sobretudo, vítimas de um conflito político”.


 


Uma outra fonte que acompanha o assunto e que pede para não ser identificada relata que “A irmã que viu as ossadas está horrorizada”, acrescentando que a mesma “Não explica lá muito bem”, e que os sinais encontrados nas ossadas “Tem a ver com as torturas dos Nando's e Zé Maria e do modo como foram sepultados”.


 


“Os cadáveres de Mango e os outros, foram maltratados. Muito maltratados”, lamentou a fonte.


 


Recorde-se que Mango foi morto, juntamente com outros dirigentes, aquando do envio pela direção a UNITA para a assinatura dos acordos da segunda volta das eleições com o governo do MPLA. “A morte sem dó nem piedade foi perpetrada em Luanda, em outubro de 1992, por grupos de vigilantes que pululavam pela cidade, ostentando fitas na cabeça ao estilo Rambo”, lembra  Aníbal Simões.


 


Felix Miranda, antigo homem das telecomunicações da primeira delegação da UNITA que chegou a Luanda, em 1992, conta – em artigo enviado ao Club-K -  os últimos momentos de Mango antes de ter sido executado pelas autoridades angolanas. “Eu fui um dos que viu em vida, pela última vez o mano Adolosi Alicerces 'Mango', naquela infernal e mortífera noite, quando ao fugirmos da Sede do Largo Serpa Pinto que estava a ficar em escombros, deixávamos atrás, dezenas de mortos e feridos, mesmo aqui no interior de Luanda”.


 


Mango Alicerces que padecia de problemas respiratórios não podia andar muito devido ao antecedente do problema de flebite na perna direita e viu-se impedido de caminhar. Fez um repouso tendo lamentando com os seguintes dizeres “se aqui, esta assim acho que não vamos conseguir chegar até Viana”.


 


Em consenso com Lukamba “Gato”, decidiu-se que ele iria ficar na cidade e orientaram um guarda-costa a leva-lo até a casa que na altura ficava no bairro Maculusso, em Luanda, a poucos metros da SISTEC. Mango foi levado as costas pelo guarda, porém posto na residência telefonou para um oficial general do governo, António José Maria que fora seu colega nos tempos em que estudou em Benguela. Solicitou apoio ao seu ex-colega e este o acolheu em sua casa, também no bairro Maculusso, por detrás da conhecida geladaria da “ARDEP”.


 


O general António José Maria teria entretanto comunicado aos seus superiores que tinha consigo o SG da UNITA, Mango Alicerces de forma a não ter problemas. Depois disto, elementos apresentados como “guardas do Nandó”, foram buscar o alto dirigente do maior partido da oposição, em casa de Zé Maria levando-o para nunca mais ser visto.


 


Anos mais tarde, um sobrevivente dos “massacres de 1992” cujo o nome é ocultado por razões de segurança, revelaria que os apelidados “guardas do Nandó”, o teriam levado numa zona inabitada, atrás do actual projeto Nova-Vida, onde havia uma vala comum para os militantes e simpatizantes da UNITA. Segundo a testemunha, Mango Alicerces foi fuzilado e deitado na vala comum, razão pela qual durante muitos anos o governo angolano revelava dificuldades em explicar o destino que deu ao cadáver do então SG da UNITA que foi lhes pedir proteção.


 


Fontes da UNITA, aguardam com ansiedade de que as ossadas estranguladas recentemente apresentadas a família possa corresponder ao do antigo numero três do “Galo Negro”.



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