No último ano entraram no mercado de trabalho quase 750 mil indivíduos, dos quais 737 215 arranjaram colocação. No mesmo período a taxa de desemprego baixou 1,5 pp para 30,5%. Números que o economista Eliseu Vunge classifica de “românticos”, aconselhando o instituto a preservar a sua credibilidade divulgando as suas estatísticas de forma atempada e transparente.
A economia angolana “criou” 737 215 empregos entre Abril de 2020 e Março de 2021, em plena pandemia, elevando a população empregada no primeiro trimestre de 2021 para 10 821 205, de acordo com os indicadores de emprego e desemprego do Instituto Nacional de Estatística (INE) re- ferentes aos três primeiros meses deste ano.
O Inquérito ao Emprego em Angola (IEA) revela ainda que a população desempregada aumentou ́”apenas” 8 563 para 4 744 020, o que permitiu reduzir a taxa de desemprego de 32% no primeiro trimestre de 2020 para 30,5% nos primeiros três meses de 2021.
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Uma taxa ainda assim muito elevada que, somada à taxa de inflação de 24,9% em Março de 2021, coloca o índice de miséria económica em Angola nos 55,4%, um dos mais elevados entre os países que publicam estatísticas de inflação e desemprego.
A taxa de desemprego apresentada pelo INE é “romântica”. “Muitas empresas não têm capacidade financeira para pagar salários. Com as medidas de confinamento quem acaba por sofrer são os trabalhadores”, garante.
aparente contradição entre o aumento da população desempregada e a redução da taxa de desemprego não pas- sa disso mesmo, de aparente. A taxa de desemprego é me- dida em percentagem da população economicamente acti- va, isto é da população com mais de 15 anos disponível para trabalhar.
No primeiro trimestre de 2021 a população economica- mente activa ascendia a 15 565 225, em resultado da entrada no mercado de trabalho de 745 778 indivíduos, dos quais apenas 8 563 não encontraram emprego.
Como a população economicamente activa cresceu mais do que a população desempregada a taxa de desemprego diminuiu.
Os números apresentados pelo INE não convencem o eco- nomista Eliseu Vunge. “A economia angolana está em reces- são há cinco anos por isso não se encontra em condições de aumentar a empregabilidade. Por isso a taxa de desempre- go não tende a reduzir, mas sim a aumentar”, contrapõe.
para evitar a sua propagação (o estado de calamidade públi- ca, o estado de emergência e o encerramento temporário das empresas sobre tudo da restauração) contribuíram para o aumento da taxa de desemprego não para redução”, refor- ça Vunge.
Para o economista a taxa de desemprego apresentada pelo INE é “romântica”. “Muitas empresas não têm capa- cidade financeira para pagar salários. Com as medidas de confinamento quem acaba por sofrer são os trabalhado- res”, garante.
Outro factor que causou alguma polémica foi o aumento dos inactivos, indivíduos com mais de 15 anos que não estão disponíveis para trabalhar.
Não é isso que os números do INE revelam, incluindo en- tre a população mais jovem. De acordo com o IEA, a taxa de desemprego entre a população dos 15 aos 24 anos, a mais fustigada pelo flagelo, desceu 1,5 pp no último ano, de 57,8% no primeiro trimestre de 2020 para 56,3% no primeiro tri- mestre de 2021.
Outra melhoria revelada pelo IEA, embora ligeira, tem a ver com a qualidade do emprego: o emprego informal, aque- le que não tem contrato nem benefícios, reduziu-se em 5 539 do quarto trimestre de 2020 para o primeiro de 2021 fixan- do-se nos 8 680 137 – não há dados anuais.
Apesar da redução, o nível de informalidade continua muito elevado: em cada 100 empregados em Angola, 80 são informais.
Em termos sectoriais, o inquérito do INE aponta que
mais da metade da população empregada 56,3% encon- tra-se no sector da agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca à frente do comércio por grosso e a reta- lho, com 18,8%. O sector que menos emprega é o sector de actividades financeiras, imobiliária e de consultoria com 0,5% do total.
Outro factor que causou alguma polémica foi o aumento dos inactivos, indivíduos com mais de 15 anos que não estão disponíveis para trabalhar. Pessoas que nos trimestres anteriores foram classificadas como desempregadas e pessoas que efectivamente perderam os seus empregos devido à pandemia da COVID-19 passaram a inactivas no primeiro trimestre de 2021. Por motivos relacionados com a pandemia, essas pessoas não estão disponíveis para trabalhar explica o INE.
Aqui Eliseu Vunge está de acordo. Com a COVID-19 e sabendo das dificuldades das empresas em retomar a actividade, muitos indivíduos não procuram emprego e por isso são classificados como inativos,admite,acrescentandoque não estranhará se os inactivos continuarem a aumentar.
“Os números vão sempre aumentar. Por isso, o Estado deve criar políticas voltadas para ajudar a tesouraria das empresas para estas funcionem mesmo que a um ritmo lento”, defende o economista.
Prazo furado
O INE fornece um conjunto de informações que permite analisar o mercado de trabalho enquanto realidade dinâmica e constitui um ponto de partida para a definição de políticas socioeconómicas. O inquérito foi divulgado este sábado com mais de um mês de atraso.
Eliseu Vunge alerta para a necessidade do INE preservar a credibilidade institucional com a divulgação atempada e transparente dos dados que são de consumo não só interno, mas também internacional. Só estatísticas rigorosas permitem a tomada de decisões pelo Executivo e por outras organizações nacionais e estrangeiras.
“A pandemia da COVID-19 e as medidas implementadas para evitar a sua propagação (o estado de calamidade públi- ca, o estado de emergência e o encerramento temporário das empresas sobre tudo da restauração) contribuíram para o aumento da taxa de desemprego não para redução”, reforça Vunge.
Para o economista a taxa de desemprego apresentada pelo INE é “romântica”. “Muitas empresas não têm capacidade financeira para pagar salários.
Com as medidas de confinamento quem acaba por sofrer são os trabalhadores”, garante.
Outro factor que causou alguma polémica foi o aumento dos inactivos, indivíduos com mais de 15 anos que não estão disponíveis para trabalhar.
Não é isso que os números do INE revelam, incluindo entre a população mais jovem. De acordo com o IEA, a taxa de desemprego entre a população dos 15 aos 24 anos, a mais fustigada pelo flagelo, desceu 1,5 pp no último ano, de 57,8% no primeiro trimestre de 2020 para 56,3% no primeiro trimestre de 2021.
Outra melhoria revelada pelo IEA, embora ligeira, tem a ver com a qualidade do emprego: o emprego informal, aquele que não tem contrato nem benefícios, reduziu-se em 5 539 do quarto trimestre de 2020 para o primeiro de 2021 fixando-se nos 8 680 137 – não há dados anuais.
Apesar da redução, o nível de informalidade continua muito elevado: em cada 100 empregados em Angola, 80 são informais.
Em termos sectoriais, o inquérito do INE aponta que mais da metade da população empregada 56,3% encon- tra-se no sector da agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca à frente do comércio por grosso e a reta- lho, com 18,8%. O sector que menos emprega é o sector de actividades financeiras, imobiliária e de consultoria com 0,5% do total.
Outro factor que causou alguma polémica foi o aumento dos inactivos, indivíduos com mais de 15 anos que não estão disponíveis para trabalhar. Pessoas que nos trimestres an- teriores foram classificadas como desempregadas e pessoas que efectivamente perderam os seus empregos devido à pandemia da COVID-19 passaram a inactivas no primeiro trimestre de 2021. Por motivos relacionados com a pande- mia, essas pessoas não estão disponíveis para trabalhar explica o INE.
Aqui Eliseu Vunge está de acordo. Com a COVID-19 e sabendo das dificuldades das empresas em retomar a actividade, muitos indivíduos não procuram emprego e por isso são classificados como ativos ,admite,acrescentandoque não estranhará se os inactivos continuarem a aumentar.
“Os números vão sempre aumentar. Por isso, o Estado deve criar políticas voltadas para ajudar a tesouraria das empresas para estas funcionem mesmo que a um ritmo len- to”, defende o economista.
Prazo furado
O INE fornece um conjunto de informações que permite analisar o mercado de trabalho enquanto realidade dinâ- mica e constitui um ponto de partida para a definição de políticas socioeconómicas. O inquérito foi divulgado este sábado com mais de um mês de atraso.
Eliseu Vunge alerta para a necessidade do INE preservar a credibilidade institucional com a divulgação atempada e transparente dos dados que são de consumo não só interno, mas também internacional. Só estatísticas rigorosas permitem a tomada de decisões pelo Executivo e por outras organizações nacionais e estrangeiras.
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