ALGUÉM VIU POR AÍ O TRIBUNAL QUE SE VESTE DE ELEITORAL? - ILÍDIO MANUEL



De concha na mão, de musseque em musseque, o 1.º secretário do MPLA de Luanda esmera-se em distribuir sopas aos descamisados. Visivelmente emocionado, o político não se fica pelas sopas, oferece, de quando em vez, bens materiais aos potenciais votantes e promete-lhes uma vida melhor.

 Atrás de si um batalhão de homens da imprensa radiofónica, televisiva e escrita que se acotovelam à procura do melhor ângulo para as suas reportagens. É necessário que o país e o mundo saibam que há um partido em Angola seriamente empenhado em forrar os estômagos dos pobres nesta fase de campanha pré-eleitoral.   



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Nenhum dos presentes que ostentam o rótulo de jornalistas dá-se ao trabalho de perguntar aos pobres porquê eles passam fome, se têm o dia da refeição ou a refeição do dia, limitando-se a enaltecer os feitos do político «filantrópico» que, pelos vistos, terá usurpado as competências ao organismo governamental afim; Não lhes perturba minimamente a consciência que a sopa que forra o estômago dos pobres esteja apimentada com selo de propaganda partidária. 

Não muito distante do local onde Bento Bento distribui sopas, em Viana, a governadora de Luanda oferece motorizadas de três rodas, com báscula, aos jovens desempregados para a recolha do lixo no seu bairro e noutros circunvizinhos. Gesto nobre e digno de registo. 

Joana Lina não perde a ocasião para enaltecer os ESFORÇOS do Executivo no combate ao lixo e desemprego. Arranca alguns aplausos à plateia mas, já na ponta final do discurso, deixa cair a máscara: «Estas motas são uma oferta de sua Ex.ª,  o "camarada" Presidente da República, João Lourenço, que teve a iniciativa de oferecer aos jovens de Viana para recolha do lixo nos bairros». 

Há dias, em Benguela, a vice-governadora para Área Política, Económica e Social desdobrava-se em exercícios escabrosos de contorcionismo para agradecer uma oferta de «100 toneladas de bens diversos» doados à província pela «mão solidária da Presidência da República», sublinhava o JA, na sua edição de 25 de Maio. Significa que o Estado estava a oferecer-se a si próprio o que tinha sido adquirido com o dinheiro de todos os seus contribuintes.

À memória veio-me a imagem daquele tribunal que diz agir nas vestes de Tribunal Eleitoral e que só aparece, na ressaca das eleições, para legitimar a vitória do partido X, por «maioria qualificada», e que converte os partidos queixosos em arguidos por alegada «fraude eleitoral»... Alguém viu por aí Tribunal que se veste de Eleitoral?



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