Os estrategos do MPLA parecem duma ingenuidade confrangedora, ao encararem como uma grande e clarividente vitória o facto da UNITA, ao contrário do que seria o seu normal, ter-se decidido pela abstenção em bloco, na votação da «revisão pontual» da constituição, que foi terça-feira ao crivo do parlamento por iniciativa presidencial, acabando aprovada com 154 votos a favor e nenhum contra. O Galo Negro e a CASA-CE abstiveram-se, ao passo que a FNLA, o PRS e alguns «independentes» se puseram do lado do Glorioso, com os seus votos da pimpa.
Quando, ao invés de pensarem que se trata dum triunfo, os «ideólogos» do partido dos camaradas deviam é procurar o que haverá por detrás desta surpreendente «metamorfose», partindo-se da ideia de que só pode se tratar dalguma estratégia dos maninhos, da qual esperam vir a retirar dividendos mais adiante. Portanto, podem estar certos de que não é por mérito do que foi acrescentado ou retirado do texto constitucional que a UNITA não votou decididamente contra, para grande surpresa de boa parte da malta. Seria interessante saber em que sentido rumará tal estratégia.
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Bom, enquanto o lobo não vem, deixem-me lá pôr a minha foice nesta seara, que afinal não é alheia, já que tem a ver comigo, contigo, com ele, enfim, connosco.
É assim:
Nas actuais condições de miserabilidade, fome, desemprego e quantos mais, se não houver manobras na contagem dos votos, como se está a tentar em alguns círculos que assim venha a acontecer, é quase líquido que o MPLA não ganha as próximas eleições. É melhor dizer doutra maneira: a UNITA espera muito confiadamente ganhar as eleições de 2022, em função da desgraça que tem sido a governação do seu «irrival». Ora, nessa perspectiva, interessa-lhe pelo menos nos primeiros tempos, ou mandatos, se quisermos, uma constituição estrambelhada como a nossa, para consolidar o poder e dar assim ao MPLA o troco com a mesma «legitimidade» com que foi obrigada a engolir os sapos todos nesses anos a fio. E isso, com o «sossego moral» de que até nem foi ela quem bolou nem aprovou a constituição sob a qual estaria a (des)governar, o que poderia também servir para ir dando uns calmantes ao povoléu, quando diante de eventuais reivindicações revisionistas.
Nesta ordem de ideias, para quê fazer ondas com «contras» radicais, mais ainda quando já se sabe que não conseguem contrariar nem em um milímetro o sentido do voto da «maioria abusiva» do MPLA no hemiciclo, além de ganhar simpatias no seu próprio seio por via dessa aparente «moleza»? É goleada pura!
Nota: esta análise é virgem, portanto, nada a ver com algo coincidente já eventualmente existente por aí.
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