São Tomé e Príncipe dá Lições de Democracia à Angola - Luís de Castro



Sem sair do continente "Berço da Humanidade", os angolanos têm mais uma oportunidade de aprender lições de alternância governativa, democracia e tolerância política. O exemplo vem dois Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), nomeadamente, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde. 


Em São Tomé e Príncipe, e tal como aconteceu em Cabo Verde, a pandemia da Covid-19 jamais serviu de mote para o adiamento das Eleições Autárquicas e Presidenciais. Neste País insular localizado no Golfo da Guiné é sagrado o cumprimento escrupuloso da alternância governativa para o bem da democracia, pautando sempre pelo respeito ao "adversário" político. 





Longe do ambiente de "pornografia política" e propaganda barata protagonizado pelos actores políticos em Angola, marcado por abordagens mesquinhas sobre nacionalidade de candidatos, ou ainda, o braço de ferro entre Marimbondos vs Marimbondos; em São Tomé e Príncipe o ambiente eleitoral (pré-eleitoral também foi exemplar) está a ser marcado por harmonia e respeito mútuo entre os potências inquilinos ao Palácio Presidencial, sem precisar de fazer recurso à baixaria e mediocridade à moda angolana. 


A realização de eleições autárquicas é uma realidade nestes Países do Arquipélago. A comunidade santomense e caboverdiana na diáspora tem uma palavra à dizer nas urnas, enquanto que em Angola, o MPLA tem medo de proporcionar o direito de voto aos angolanos que, por diversas razões, vivem além fronteiras. O recenseamento e a actualização dos cadernos eleitorais decorrem sem sobressaltos, sem receios de interferência de "Manicos e Júlias" na Administração da Comissão Nacional Eleitoral (CNE). 


No caso concreto de São Tomé e Príncipe, sabe-se, porém, que Guilherme Posser da Costa, candidato do MLSTP-PSD, coligação no poder, é tido como o melhor cotado às Eleições Presidenciais marcadas para 18 de Julho, aliás, não é por acaso que se auto-intitula como "um Presidente de estabilidade e da governabilidade". 


A maturidade democrática deste País veio ao de cima quando quatro militantes do MLSTP-PSD desafiaram os estatutos do partido e estão decididos em concorrer individualmente, apesar do risco de serem sancionados pela organização partidária. Assim sendo, Elsa Pinto (ex-chefe da diplomacia santomense e vice-presidente do MLSTP), Maria das Neves (ex-primeira-ministra), Jorge Amado (ex-presidente do MLSTP) e Victor Monteiro (coronel do exército na reserva) estão apostados em rivalizar nas urnas com o o político de 68 anos. 


De acordo com as sondagens, tudo indica que Posser da Costa parte na pole-position para substituir o actual Presidente da República, Evaristo Carvalho. 


Ao fazer uma viagem virtual na página de perfil do antigo Primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, chamou-me atenção que um dos seus ideiais reside na "palavra". O jurista Guilherme Posser da Costa sustenta que “a grande arma de um Presidente é a palavra. As palavras ajudam a mudar vidas, ajudam a criar confiança e ajudam a semear a esperança”. 


Caso não estejamos apenas no plano do discurso, acreditamos que estamos diante de um "Estadista" que poderá servir de inspiração para a nova geração de políticos de África, e sem sombra de dúvidas, fica patente uma grande lição de democracia do pequeno País insular dos PALOP para a desgovernada Angola. 


Guilherme Posser da Costa conhece por dentro o aparelho do Estado do Arquipélago. Já ocupou de Procurador, Juiz do Tribunal de Recurso e Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação. Foi igualmente Embaixador de S.T.P na Bélgica, Comunidade Europeia, Holanda, Suécia, França e Alemanha.



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