Os documentos que o DCIAP enviou às autoridades judiciais angolanas e que estas dizem não ter recebido são uma história mal contada. No fim da linha, esta rábula acaba por fragilizar a narrativa de combate à corrupção construída por Angola.
A rábula à volta da documentação entregue a Angola pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), com um conjunto de informações sobre bens, acções e propriedades que vários cidadãos angolanos têm em Portugal, é mais uma ferida aberta na PGR angolana.
Hélder Pitta Grós, procurador-geral da República de Angola, refugiou-se na semântica, declarando a 27 de Abril não ter «até ao presente» recebido «qualquer lista com este teor», [lista de fortunas de cidadãos angolanos com domicílio em Portugal], mas a realidade é que o DCIAP entregou na embaixada angolana, correspondendo ao solicitado numa carta rogatória, informação detalhada sobre contas bancárias, aplicações financeiras em fundos de investimento, imóveis e participação em empresas em Portugal de diversas personalidades angolanas. Ou seja, excluindo o exercício retórico, lista ou informação detalhada, a realidade é que as autoridades angolanas estão na posse da documentação fornecida pelo DCIAP.
Porquê, então, negá-lo? Presumivelmente pela simples razão de que esta circunstância coloca uma pressão acrescida sobre a PGR angolana, a qual perde assim um pretexto para ir protelando as suas acções.
Todavia, este episódio não abona a favor da transparência da justiça angolana e abre campo para legitimar os que põem em causa a sua independência.
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