Sobre Mendes de Carvalho conhecem-se algumas cenas e broncas que serão contadas por mim.
Embora eu não seja o único que as conhece, outros conhecem outras nunca reveladas sobre o mesmo enquanto dirigente do MPLA.
Político, embaixador e escritor que foi, apesar de já ter sondado de que afinal nem tudo que se via estampado nos contos que se tornaram famosos eram escritos por ele mesmo.
Mas este é assunto para outras crónicas qualquer dia, pois todas eles continuam bem vivas em minha memória.
E se os outros não os contam a maka é deles, eu as conto, porque nunca jurei esconder nem fazer daquilo que sei um monopólio privado.
QUEM ERA FINAL O MAN KAPRETO?
Falar do Sambizanga sem mencionar o man kapreto é falar de Roma sem mencionar o Papa, falar do bairro Rangel sem mencionar a Dona Amália.
Ou da zona do kaputo sem mencionar o menino Neco o paralítico mais simpático da zona, que dava explicações com muita dedicação e atenção a malta do bairro e não só, perguntem ao Manuel Vicente?
Man Kapreto curiosamente se tornou referência do bairro como ladrão.
Era considerado o gatuno mais bangão da sua geração que mesmo morando numa casa de pau a pique vestia-se sempre de forma exclusiva e com todo o rigor.
A marca dos seus sapatos nunca eram vistos com mais ninguém e mesmo caminhando pelo areal brilhavam sempre que nem um diamante.
Ele só vestia fatos da Saratoga uma das casas mais caras na altura na baixa de Luanda.
Era um gatuno bem parecido, elegante e sem manchas no rosto, dava gosto ver-lhe caminhar.
Mesmo quando regressava da baixa onde ele só assaltava gente rica, geralmente brancos endinheirados e ainda estou para saber até hoje com que lata ele enrolava aqueles pulas.
O tipo tinha um caminhar mesmo só dele, quantos tentaram imitá-lo e caíram mal, porque afinal há coisas que não dão para serem imitadas.
Sobre o risco de não bater certo, era mais ou menos como os toques de dança do nosso ( Gato Vitória ) Elizeu Bondeca.
Depois que chegou a independência de Angola o MPLA enquadrou uma série de gatunos do bairro e não só, na polícia.
E man Kapreto aproveitou a boleia como quem se convertesse de uma quinta para sexta de ladrão para coleccionador de borboletas ou de minhocas.
E assim foi colocado na antiga câmara municipal de Luanda já transformado pelo MPLA em comissariado onde Mendes de Carvalho era o comissário provincial.
E o man Kapreto fazia uma espécie de patrulha em redor do edifício já como polícia.
Então não é que um dia destes encontra uma pequena mala que alguém supostamente tinha esquecido num dos bancos em frente ao edifício.
E man Kapreto provando que tinha mesmo deixado de ser ladrão pega na mala sem abrir-la e vai entregar diretamente ao comissário provincial.
E este abre a mala à frente dele , e para espanto dos dois a mala estava cheia de notas em dólares e foi assim que Mendes de Carvalho olha para o man kapreto de cima para baixo.
E quase fervendo por ver tanto dinheiro, e trata o man Kapreto de burro por lhe ter entregue a mala, assim de bandeja.
Isto foi tão comentado entre alguns amigos, conhecidos e até por familiares seus, perguntem ao Suzy seu irmão um dos jovens mais calmos do bairro que conheci naquele tempo.
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