Até 2010, a época em que os guerrilheiros da FLEC renegaram a direcção na Europa, Joel Batila era a segunda figura do movimento exercendo as funções de Secretário Geral. Tem a reputação de ser “um dos raros radicais na luta pela independência de Cabinda”. O regime angolano chegou classifica-lo no mesmo “saco” que o falecido Nzita Tiago, por ter o defeito de não tolerar que se fale em “negociação com Angola” sem que a independência do enclave seja a meta.
Joel Batila actuava como ideólogo da FLEC no exterior e igualmente tido como uma das mais influentes lideranças originaria da região norte de Cabinda. Era considerado por Mauricio “Sabata”, Gabriel “Perilampo” e a já algum tempo tido como estando cercado pelo “os do norte”, uma situação que para alguns não só destapa o sentido de regionalismo dentro da resistência cabindesa, como não fortifica a corrente entre a nova e velha geração. Na pratica, todos os respeitam, e tratam-no por “o doutor Batila”.
Batila, nasceu em 1946 na aldeia de Malongo Zau, o seu falecido pai, Mbandu Bulesi foi um reconhecido Soba, dos povos de Malongo Zau, Ndukula Mbamba e Londe-Lu-Bonzi na região de Miconje, no Norte de Cabinda. Batila deixou, a província de Cabinda após ao inicio da guerra colonial para se mudar junto com a família, no Congo. Passou pelas missões evangélicas e estou em Kinshasa.
Em termos de linhagem política, Joel Batila é sobrinho de António Sozinho, a figura que junto com Nzita Tiago e Ranque Franque fundaram a FLEC, após terem largado a UPA de Holden Roberto, onde “Sozinho” era secretario. Foi mesmo por influencia do tio que aderiu na década de 50 ao movimento de luta de contestação colonial levando-o a beneficiar de uma bolsa de estudos pela UPA, para a Índia. Passou por Goa mas foi em Nampur, onde se formou em medicina (especialidade em pediatria) pela Universidade desta cidade.
Após um estágio de formação de medicina em Nova Deli, Joel Batila pretendia regressar a Cabinda, mas foi aconselhado por sectores do Governo indiano e pela Organização das Nações Unidas (ONU) a optar por pedir asilo num país à sua escolha. Entendeu que a França seria o seu destino tendo ai chegado em 1984 com o estatuto de refugiado político. Estabeleceu-se na cidade de Grenoble, onde passou a exercer a sua profissão de médico. Pouco depois viria ter um acidente que lhe levou, até aos dias de hoje, a não praticar a profissão de medicina.
O envolvimento com a FLEC, aconteceu meses antes da conhecida reunião de Libreville onde conheceu pessoalmente Nzita Tiaho que lhe nomearia Secretario para os refugiados, um dossiê que fez dele a personalidade Cabindesa de maior domínio. Em paralelo as funções políticas, criou a cerca de 20 anos atrás, o CAARC que é o Comitê de Acção e Apoio aos Refugiados de Cabinda sediado em Grenoble. Antes disto já era referenciado como a personalidade que por ocasião da histórica assembléia da OUA, em Kampala, escreveu para o falecido presidente ugandês Idi Amin que dirigia a reunião a apelar para a defesa dos direitos e interesses da juventude cabindesa.
Como presidente do CAARC- Comitê de Acção e Apoio aos Refugiados de Cabinda, Joel Batila foi varias vezes convidado por “branchs” das Nações Unidas para tomar a palavra sobre a situação dos refugiados no enclave angolano. Numa reunião em genebra, o representante diplomático angolano chegou mesmo a retirar-se da sala em protesto a presença do também dirigente da FLEC. Em 2009, o Instituto Camões, em paris convidou-lhe para uma conferencia mas viria retirar o convite com receio de que o acto provocasse conflito entre Lisboa e Luanda.
Após a reunião da FLEC na Holanda que unificaria as duas facções, “FLEC-FAC” e a “FLEC-Renovada”, o mesmo sairia dali nomeado como o Secretario das Relações Exterior. No seguimento da rotura com Antonio Bento Bembe, “o doutor Batila” foi nomeado Secretário Geral da FLEC, cargo que ocupou até Agosto de 2010, data que as chefias militares renegaram a liderança de Nzita Tiago.
Pela sua ascensão, dentro do movimento, Joel Batila já foi alvo de intrigas e clivagens que o viam e combatiam por estar na linha de sucessão a liderança da FLEC. A época em que era responsável pelas relações exteriores, um filho de Nzita Tiago, Antoine Nzita que também reivindicava a sucessão natural do pai, entrou em confronto com Batila tendo abandonado o movimento para formar a sua própria plataforma política. Batila viu-se também contestado por Rodrigues Mingas. Diz-se que em causa estaria, a contestação da oferta de uma viatura que Batila ofereceu a filha em Portugal após esta ter terminado a formação em medicina. A corrente de Rodrigues Mingas insinuava que o dinheiro da compra do carro teria sido dado por um cabinda próximo a embaixada de Angola em Lisboa.
Batila manteve na liderança do CAARC, porém, viriam a lhe criar um outro desabor. É que uma corrente interna liderada por Stefan Barros, lhe nomearia “Chanceler” de um governo da FLEC, no Exílio inspirado no modelo suíço. Nzita Tiago, o líder da resistência não reconheceu tais nomeações por terem feito sem o terem consultado, mas entretanto, continuou a manifestar apresso por Batila que se tornou depois no principal conselheiro.
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