Guine-Bissau: Os vídeos da morte



O Presidente   João Bernardo Vieira "Nino" tinha o hábito de manter a sua casa vigiada por câmaras de segurança. No inicio da década de noventa, um especialista português, Jorge Quadros, instalou, para si, no palácio presidencial, um apetrechado sistema  interno de vigilância televisa. A sua casa, na rua de Angola, onde veio a ser assassinado também tinha e o seu antigo assessor de informação,  major Báciro Dabó, era um dos poucos habilitados ao assunto. Logo após  ao seu  assassinato, “Bass” Dabó - o major do povo,  como gostava de ser tratado  foi a casa do falecido  Presidente, pegar os vídeos e ao que se dizia,  fez chegar copia do mesmo a  um sociólogo guineense  que vivia  no Senegal. 


Baciro Dabó  que era no governo, o  Ministro da administração territorial  estava condenado a ter o mesmo destino que o de Nino Vieira, salvo se  mantivesse  calado. Ameaçou denunciar que as primeiras balas que perfuraram o corpo do falecido presidente  saíram da arma do ex-comandante militar da zona norte (Mansoa), o então  Coronel  António Indjai, mais tarde  feito  Chefe do Estado Maior do Exercito.

 




Em finais de 2009, a  situação na Guine-Bissau, estava a ser  assolada  pelo   dilema do alegado  vídeo que mostra como Nino terá sido morto. Divulgar,   implicava   levar certas figuras as barras da justiça e  que em reação poderiam  retaliar. A divulgação dos alegados videos não era de interesse nacional. 

 

A  historia dos vídeos repete-se. No inicio da década de noventa, Nino Vieira desentendeu-se com o major Robalo de Pina, o então  chefe da casa militar da Presidência da República. Robalo pareceu morto no Gabinete presidencial. (Dizia-se  que fora  baleado pelo próprio Nino).  Na altura, o então Secretario da propaganda do PAIGC, Helder Proença , a pedido de Nino, contactou,  o especialista de imagens, Jorge Quadros para fazer renovação do sistema de vigilância. Ao desmontar, este,   teria guardado duas cassetes dentre as quais a gravação do assassinato do major Robalo. Usou-as para chantagear, em reação a incumprimentos   de pagamento aos seus serviços pela presidência. Em Agosto de 1993,   Helder Proença pediu lhe as gravações, em sua posse. Não foi a tempo de entregá-las. Jorge Quadros apareceu  morto.


De entre, todos  os implicados na morte de Jorge Quadros, (Helder Proença, capitão    «Bobo», da Contra-Inteligência Militar, e outros três), estava, o coronel, João Monteiro como  principal acusado, ao tempo, Chefe da segurança do regime de Nino.  Tal como na cumplicidade da eliminação do especialista português, o coronel João Monteiro também  testemunhou a morte de Nino Vieira com quem esteve reunido quando a casa do presidente foi invadida pelos militares. Monteiro saiu ferido e mandou-se para o Senegal onde, esteve a viver.


José Gama, Inicialmente escrito  para o Club-K em 2009.



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