Europa quer saber se o MPLA vai ceder o poder, caso a UNITA vence as eleições de 2022



Casos de corrupção, diabolização do líder da oposição e desunião no partido governante enfraquecem as expectativas de democratização que alguns depositaram no Presidente João Lourenço.


«O MPLA está preparado para ter Adalberto da Costa Júnior como Presidente de Angola?» A pergunta, disparada à queima-roupa pelo embaixador de um país da União Europeia (UE) em recente audiência, apanhou de surpresa Paulo Pombolo, secretário-geral do MPLA, que governa o país desde a independência. Também deixou em estado de alerta a sua liderança.




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O recado sinaliza, de forma acintosa, o sentimento de saturação que parece ter-se apoderado do Ocidente ante um longo ciclo de governação que continua a manter Angola refém da corrupção, como atesta o escândalo de desvio de mais de dez milhões de dólares, protagonizada por altas patentes de um dos centros nevrálgicos do seu próprio poder: a Casa Militar do Presidente.


“O Ocidente está farto de nós”, confessou ao Expresso um alto dirigente do MPLA. Este sentimento e a ausência de investimentos, mesmo depois de Lourenço ter feito uma abertura sem precedentes, parecem surgir associados à má governação, à pesada burocracia de instituições muito frágeis e às reiteradas práticas de corrupção, que tendem a afastar os investidores.


Luanda piscou o olho a Madrid para novos apoios em vésperas de eleições e o primeiro-ministro espanhol esteve recentemente em Luanda, mas Pedro Sánchez preferiu consultar Lisboa antes de tomar uma decisão. “Há um desgaste muito grande da governação angolana e, sendo Portugal a sua porta de entrada na Europa e conhecedor como ninguém da sua realidade, os espanhóis preferem jogar no seguro”, esclarece fonte da UE.


Quem se apresta a tirar partido deste desgaste é a UNITA. Aproveitando-se do crescendo da popularidade interna do seu líder, Costa Júnior, e do distanciamento entre Luanda e Pretória, o maior partido da posição parece preparar-se para articular uma aliança sólida com a África do Sul em caso de vitória eleitoral.


“Não morrendo de amores pelos sul-africanos, por causa da sua aproximação a Savimbi no passado, aqueles podem no futuro avançar com um pacote de apoio financeiro e empresarial em socorro de um novo Governo que lhes abra as portas do mercado angolano como nunca antes”, revelou ao Expresso fonte sul-africana.


Expresso



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