Da vergonha e da falta dela - Graça Campos



No dia em que circularam nas redes sociais imagens profundamente chocantes de doentes abandonados à sua sorte nos apinhados corredores do Hospital Américo Boavida, os (des)governantes deste país sequestraram a comunicação social pública para a cobertura de mais uma tragicomédia política. TPA, ZIMBO, RNA, Jornal de Angola receberam ordens para colocarem no topo dos seus noticiários mais uma encenação, mais uma demonstração de que aos actuais governantes só interessa a manutenção do poder, seja qual for o custo.




No dia em que a grande imprensa do país deveria, toda ela, debruçar-se sobre a tragédia nos corredores do Hospital Américo Boavida, os senhores que julgam ter herdado este país dos seus pais, entenderam que a sua obsessão pelo líder da UNITA está acima, muito acima de tudo.



No dia em que em que se reclamava de todos, sobretudo daqueles que (des)governam, alguma reflexão, mesmo que a fingir, sobre os caminhos da saúde em Angola, aqueles que se julgam donos e senhores do país entenderam ser prioritário preencher o “menu” do dia dos angolanos com um espectáculo tosco e ridículo.



A agenda noticiosa da comunicação social de quinta-feira foi a reconfirmação do que muitos de nós já sabemos: que os (des)governantes deste país tomam a maioria do povo como um bando de patetas e cretinos. Além disso, fica também evidente que a generalidade das pessoas que descomandam este país morrerá sem saber o que é decência e vergonha.



Fossem eles decentes e sentissem vergonha e no dia seguinte àquele degradante espetáculos muitos deles teriam se autoafastado.



Não é a direcção do Hospital Américo Boavida que claudicou. É o sistema no seu todo.



É inútil: não é a "maçã" de 400 milhões de Kwanzas que ACJ "comprou" que deixou os médicos e enfermeiros do HAB desesperados e de mãos atadas perante aquela tragédia



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