Desde que se encafuou na Assembleia Nacional, em Maio de 2020, depois de ser exonerado do cargo de governador do Cunene na sequência de robustos indícios de que teria desviado ajuda destinada às populações daquela província “vergastadas” pela fome, Virgílio Tyova raramente dá as caras.
Por causa dessa calculada discrição, quase muitos cidadãos já nem se lembram que há, na Assembleia Nacional, um deputado eleito pelo MPLA, que tem um processo judicial às costas por suspeita de haver roubado ajuda humanitária destinado às populações do Cunene.
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Nomeado em 2018, Virgílio Tyova foi exonerado em Janeiro de 2020, depois que uma delegação encabeçada por Archer Mangueira, então ministro das Finanças, constatou, in situ, que fundos que deveriam favorecer as populações afectadas pela fome no Cunene estavam a ser incorrectamente geridos.
Archer Mangueira foi ao Cunene para avaliar a execução financeira do plano de emergência para acudir a situação da seca que se registava naquela província.
No encontro com as autoridades locais, o então ministro das Finanças constatou que parte substancial da dotação de 3,9 biliões de kwanzas atribuídos ao executivo local para lidar com a calamidade tinha sido perdida em despesas supérfluas e superfacturas. Com o dinheiro, Virgílio Tyova privilegiou a compra de jeeps topo de gama. No relatório apresentado a Archer Mangueira, um bidon de água de 20 litros foi quantificado em 25.000,00. À data, em Luanda e noutras províncias um recipiente com aquela capacidade era vendido entre 500 a 600 kwanzas. Diversos administradores municipais, presentes, disseram que nenhum furo de água fora aberto nas suas regiões.
Depois da visita do então ministro das Finanças, a Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE) enviou especialistas ao Cunene que constataram o mesmo que Archer Mangueira reportou ao Presidente da República: o roubo do dinheiro que deveria ser empregue na aquisição de bens e serviços visando atenuar a fome. Em Fevereiro de 2020, a Procuradoria Geral da República abriu um processo crime destinado a ouvir o ex-governador do Cunene e quatro colaboradores implicados na gestão incorreta de fundos.
Apesar dos pesados indícios da sua roubalheira no Cunene e do processo de investigação aberto pela PGR, em Maio de 2020 Virgílio Tyova retomou o seu lugar na Assembleia Nacional, onde foi recebido de braços abertos.
Na Assembleia Nacional, o deputado pelo MPLA tem evitado declarações ou quaisquer gestos susceptíveis de “alertar” a opinião pública da sua existência.
Na quarta-feira, 14, e de forma algo surpreendente, o deputado decidiu fazer uma “prova de vida”, permitindo que as televisões o filmassem quando debitava banalidades num encontro que a Primeira Comissão da Assembleia Nacional promoveu com juristas a propósito da proposta de revisão da Constituição feita pelo Presidente da República.
Duas prováveis razões podem ter encorajado Virgílio Tyova a pôr a cabeça à tona: ou porque lhe constou que a PGR desistiu do processo ou porque recebeu redobradas garantias de que a Assembleia Nacional não lhe levantará as imunidades.
Afinal, e como em muitos outros sectores, a Assembleia Nacional também tem direito a seus gatunos de estimação…
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