O dia 11 de Abril de 1997 deveria ser assinalado com pompa e circunstância na História política do nosso País como uma data redentora por simbolizar, quanto a mim, uma tentativa de um esforço extraordinário da busca incesssante pela paz. É preciso rememorar que aos onze dias do mês de Abril de 1997, o então Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, conferia posse ao Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), de que faziam parte o MPLA, UNITA, PRS, PLD, PDP-ANA, PRD e PAJOCA. Isto foi há, precisamente, 24 anos.
Foi uma cerimónia solene que teve lugar na sala número 1 da então Assembleia Nacional. O mestre da cerimónia foi o general das Forças Armadas Angolanas (FAA) António José Maria (Zé Maria). Vários chefes de Estado e de governos de África e do mundo prestigiaram o evento, com destaque para as figuras do malogrado líder sul-africano Nelson Mandela e do antigo Secretário-Geral da ONU, o ghanense Kofi Annan.
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Eu e o Samy Manuel tivemos o grato privilégio de testemunhar, in situ, a cerimónia na condição de repórteres de um dos primeiros semanários luandenses que sentiu o efémero “sabor” da Liberdade de Imprensa e de Expressão no País, depois dos acordos de Bicesse celebrados em 1991, em Portugal, entre o Governo e a UNITA: O “Comércio Actualidade”, dirigido pelo jornalista Victor Aleixo (o Vitó), cuja redacção era liderada por Carlos Alberto Lopes Miranda (o Cuca) , um dos mais habilitados jornalistas de quem tive a ventura e o privilégio de aprender e trabalha durante anos. Continuando. Correspondentes das principais agências de informação, jornais, rádios e televisões de diversas partes do globo reportaram o acto de tomada de posse do GURN.
Resultante dos Acordos de Lusaka, assinados pelo Governo e pela UNITA, em Novembro de 1994, na capital zambiana, o GURN criou um esteio de convivência pacífica e harmoniosa entre os angolanos, que permitiu que os angolanos ideologicamente desavindos pudessem (com)viver na diferença, o que, nos dias de hoje, se revelado bastante difícil.
Na esfera das Relações Públicas, o presidente José Eduardo dos Santos mostrou à Comunidade Internacional que a criação do GURN poderia ser tomado como modelo de resolução de conflitos em muitas partes do continente africano e – porque não?! – do mundo.
De responsabilidade partilhada entre partidos políticos mais expressivos da época, o GURN deixou profícuas sementes no que toca à convivência e a coabitação entre angolanos adeptos de ideologias diferentes. Foi há 24 anos. Lembremo-nos, pois, do GURN.
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