COVID19: AS CULPAS NÃO SERÃO FIFTY-FIFTY? -SALAS NETO



Não me parece justa ou correcta a manifesta intenção das autoridades de atribuírem ao povo as culpas totais pelo eventual recrudescimento da pandemia da covid19 no país, por conta do alegado comportamento irresponsável e\ou perigoso de boa parte dos seus cidadãos. Nesses últimos dias, são frequentes os ralhetes e até ameaças de surras policiais sobre os cidadãos por alegado desrespeito a vários ditames do decreto presidencial, como o relaxamento no uso das máscaras e no cumprimento das demais medidas de biossegurança, envolvimento em farras e outras manifestações que produzem aglomerações não autorizadas. O presidente João Lourenço chegou a ameaçar com um eventual regresso ao estado de emergência, caso os cidadãos, em especial os jovens, não se «concentrem».



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Disse que essa posição das autoridades não é justa ou correcta, porque o aumento dos níveis de contaminação da doença está longe de depender exclusivamente do comportamento irresponsável e perigoso deste ou daquele cidadão mais assanhado ou mais negligente. A razão é muito simples: há coisas que ultrapassam a sua vontade, devendo as responsabilidades por elas serem assacadas ao governo. Comecemos, por exemplo, nos amontoamentos nos transportes públicos, que serão até a principal fonte de disseminação da doença. Ora, isso tem a ver com o ministro dos transportes e não comigo ou com o vizinho coiso.

Depois temos as enchentes nos mercados, outra boa fonte de contágio, só possíveis por meio-mundo se ver obrigado a virar quitandeiro para tentar sobreviver, na falta de empregos mais dignos, digamos. Há zonas em que é impossível «a lavagem frequente das mãos com água e sabão», por demissão do Estado e não por relaxamento dos cidadãos. Pode-se falar ainda da própria vacinação, que é agora a principal medida de prevenção e cuja insignificância entre nós não pode ser atribuída ao povoléu, mas sim exclusivamente ao governo. Enfim. 

Portanto, ainda que não se queira, as responsabilidades pelo eventual agravamento da doença têm que ser repartidas entre o povo e o governo. Olha, por acaso ainda não tomei a vacina.



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