Entendendo, o Otchiwo/Ehula como escola da educação tipicamente feminina que encaminha as jovens para a iniciação sexual completa, que abrange o mistério da transmissão da vida, dada inteiramente depois das bodas, antes de entrar definitivamente na casa como esposa; sabendo que a seriedade do Otchiwo consiste em ter uma mais velha, tia (sohay) como ponto de referência para a educação e a disciplina moral da juventude feminina; compreendendo que a entrada no Otchiwo supõe, da parte das jovens (moças), o uso pleno da razão, afirmamos que o mesmo apresenta-se como escola de aprendizagem.
Esta escola não representa outra coisa senão o ONDJANGO DAS MULHERES, entre as mulheres e para as mulheres. Nele aprende-se olondunge (juízo) para a gestão, a defesa, a luta, o respeito da vida; o ekalo (o modo de ser) para a humanização da vida e dos humanos; o okulyongotiya (a sociabilidade) para uma convivência mais fértil no deserto da vida, nos eclipses dos sonhos e no oásis da história; o ovongundja (o ser trabalhadora) para ser-se sujeito transformação do próprio mundo da vida e exemplo vivo para a posteridade; os alusapo (provérbios) para enriquecimento dos conhecimentos; o ekuta (partilha) que nos proporciona abrir-nos ao outro a real efetivação da familiaridade de que somos oriundos e chamados a construir permanentemente.
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Portanto, no otchiwo as jovens são convidadas a pensar o mundo da vida com respeito, com alegria e com o assentimento consciente, oblativo e responsável.
Afinal a atualidade mostra outra realidade, o otchiwo existe não mais como lugar de discutir e de dormir, mas a nova proposta emancipatória da mulher exalta o seu papel importante como educadora do mundo da vida. Neste contexto, otchiwo mais do que espaço onde também se dorme, é um lócus de diálogo entre as mulheres, sobre as mulheres e com os homens para a construção de outro mundo mais humano e humanizante.
(Extraído da tese de Martinho Kavaya, Sacerdote Católico da Diocese de Benguela)
ALVORECER DA ESPERANÇA: DOS DIÁLOGOS ENTRE CÍRCULOS DE CULTURA, ONDJANGO E OTCHIWO À EDUCAÇÃO LIBERTADORA EM ANGOLA – O CASO OVIMBUNDU NA GANDA/BENGUELA. 2009.
(Saberes Umbundu)
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