A Televisão Pública de Angola atirou para o esgoto o slogan “TPA Somos Nós”, que repetidamente coloca nos seus separadores. No noticiário central deste sábado, 20, uma matéria sobre as eleições na Associação de Imprensa Desportiva Angolana (AIDA) ultrapassou todos os limites do aceitável. Ao falar do assunto, a estação apresentou apenas uma das Listas concorrentes, nas circunstâncias a Lista B, ignorando completamente a concorrente, que é a Lista A. Como se antes da letra B não existisse a letra A...
A actuação vergonhosa do canal que, afinal, parece não ser de todos nós, mas apenas dos trabalhadores da TPA, tem explicação. A Lista B, cuja actuação assenta na lógica de ataque das matilhas, é liderada por Luís Caetano, delegado da TPA em Benguela, tendo o administrador executivo Neto Júnior, o responsável (?) para os conteúdos, na presidência da Mesa da Assembleia-Geral. Ambos e o editor Gilberto Santo “Gika” urdiram a cabala que visa favorecer de forma obscena a Lista que é “vendida” pelos seus integrantes como sendo da TPA.
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O que aconteceu no Telejornal de sábado configura uma verdadeira falta de profissionalismo e não pode haver desculpas para comportamento tão rasteiro. Afinal, o outro candidato publicou nas redes sociais um vídeo, que podia ser perfeitamente aproveitado para cumprir uma das mais elementares normas do jornalismo. A igualdade de condições e oportunidades aos concorrentes, independentemente de um deles ser da TPA, que não é herança dos pais ou dos avôs. O princípio da equidade foi propositadamente atirado para o esgoto.
Em se tratando da TPA, que nos últimos tempos se vem vangloriando do seu pretenso “jornalismo investigativo” na série de reportagens “O Banquete”, a forma como agiu no tratamento da eleição na AIDA é simplesmente repulsiva e envergonha profissionais decentes da casa. De resto, sendo especialista em “jornalismo investigativo”, a TPA encontraria facilmente Honorato Silva, o candidato da Lista A para obter os elementos que quisesse para produzir uma matéria em que os concorrentes fossem tratados em pé de igualdade.
Na verdade, na véspera e no dia da publicação da matéria em referência, o líder da Lista A manteve dois contactos com o editor Gilberto Santos “Gika” para saber se precisava de algum elemento a fim de compor a peça. Mais: Honorato Silva teve a gentileza de o informar onde podia encontrar elementos informativos para dar corpo à matéria.
Ora, se nem às redes sociais a TPA conseguiu ir buscar matéria para a peça das eleições na AIDA, como “investigaria” para servir “O Banquete”? Está claro que que toda a informação vertida naquela “novela” que visava apenas destruir a quem já lamberam as botas (e possivelmente partes do corpo) lhes era fornecido de bandeja por instituições governamentais e securitárias. Na verdade, nada do que foi servido em “O Banquete” não fosse já do conhecimento público, visto que sobre corrupção as denúncias são várias não só em Angola, mas em diversas partes do Mundo, principalmente Portugal.
Curiosamente, o Jornal de Angola e a ANGOP, órgãos aos quais estão vinculadas figuras destacadas da Lista A, foram sóbrios na abordagem do tema, tratando da mesma forma ambas as candidaturas, numa prova inequívoca de “jornalismo responsável” que os dirigentes do ministério afim vêm pedindo reiteradamente.
Vários grupos de jornalistas nas redes sociais, principalmente o do Sindicato, verberaram a actuação parcial e inqualificável de um órgão público, sustentado com o dinheiro dos contribuintes que pagam os ordenados dos membros da matilha que envergonharam o jornalismo angolano. Os protestos de significativas franjas de profissionais ecoam por toda a Sociedade. E esta manifesta fundados receios sobre como será a actuação da TPA, que “São Todos Eles” e não “Todos Nós”, como quer nos fazer crer o slogan.
Em face disso, são inúmeros os questionamentos, não só de jornalistas, mas de gente dos mais diversos quadrantes da Sociedade. E a pergunta que não cala nas redes sociais tem razão de ser: “Se numa eleiçãozinha de associação de jornalistas desportivos a TPA se permite esse tipo de actuação, como será nas eleições gerais de 2022?” Está-se mesmo a ver... O que a TPA fez é o que se pode chamar de jornalismo de esgoto. Por isso, merece que seja reparado com o rolar de pelo menos duas cabeças. Doutro modo, o descrédito será total.
Lil Pasta News, nós não informamos, nós somos a informação
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