Um quadro de excelentes credenciais que viu a reputação "incinerada" no montão de lixo que sempre foi a cidade de Luanda.
Governador de Luanda entre 2013 e 2016, o Dr. Graciano Domingos foi "desterrado" no Instituto Nacional de Formação da Administração Local -- o mesmo que ser jogado num quarto de fundo de quintal -- ao "tropeçar" na eterna maka que se constituiu a gestão do lixo na capital angolana: não por falta de sabedoria, mas por não lhe terem sido atribuídos os recursos necessários para essa tarefa.
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De longe nos antípodas de Bento Bento, a quem havia sucedido, e de Joana Lina, a actual governadora que encontra amparo nas "almofadas presidenciais", Graciano Domingos é uma das provas de que neste país não existem critérios nem estabilidade em relação à gestão dos quadros, carreiras e promoções. E eis também a razão por que muitos, mal se vêem num cargo, não hesitam e a primeira medida que tomam é a de saber onde se localiza o cofre-forte com o dinheiro que irão gerir.
Entrevistei o Dr. Graciano Domingos em 2016, para a revista 'Nossa Terra', órgão do MAT, ainda como governador de Luanda, e pude constatar a qualidade da sua formação e pensamento no modo como reflectia sobre os problemas da capital angolana, que vale por mais de metade do país.
Nessa entrevista, ele mostrara que estava a desenhar um modelo para Luanda de gestão e remoção dos resíduos sólidos que, provavelmente, teria tido pernas para andar, se não houvesse as intervenções e capelinhas do costume.
Tínhamos à vista um modelo ancorado em critérios éticos e de equidade pública. Pela primeira vez eram lançados concursos públicos no processo de selecção e recrutamento das empresas operadoras. Para vermos o rigor colocado no processo, dois municípios ficaram durante algum tempo sem operadores porque as empresas que se apresentaram a concurso haviam sido chumbadas, facto inédito já que anteriormente as operadoras eram escolhidas a dedo.
Numa altura em que o antigo Presidente, José Eduardo dos Santos, sugeria Washington e Brasília como modelos eventualmente a seguir, Graciano Domingos não estava a pensar em fazer 'copy past' de modelos estrangeiros para aplicar na administração de Luanda. Porque para copiar apenas por copiar, então ele preferia seguir o modelo da administração colonial, que tinha claras virtudes e apenas precisava de ser adaptado aos tempos actuais.
Enfim, pela forma como a "Madame Jaja" está a ser tratada -- praticamente a pão de ló --, atrevo-me a dizer que Graciano Domingos foi injustiçado e atropelado pelo regime que nos tem (des)governado.
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