Polícia liberta cidadão que foi detido, por denunciar mortes de inocentes em Cafunfo



A polícia libertou o catequista André Candala, que foi preso esta madrugada depois de denunciar a morte de inocentes na semana passada num incidente em Cafunfo, disse à Lusa fonte familiar do ativista.


Polícia liberta catequista detido, moradores dizem-se ameaçados

A polícia libertou igualmente o filho de André Candala, Paulo André Candala, acrescentou.


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A mesma fonte confirmou que o catequista foi espancado e queixa-se de “dores na mão e num ombro”.



Uma fonte policial disse à Lusa que André Candala foi detido para prestar declarações e libertado mais tarde, acrescentando que não há mais detidos.


Um outro morador de Cafunfo afirmou que as pessoas que falaram à comunicação social estão a ser ameaçadas.


“Disseram que nós não podíamos dar essas informações e que os que falaram estão a dizer mentiras. Mas nós temos de contar a verdade, temos de contar o que vimos, não vou esconder”, disse Alfredo Moisés, coordenador das comunidades da Paróquia de São José, sublinhando que os factos “devem ser apurados”.


Um ativista cívico, que está escondido e pediu para não identificado, disse que foram detidas esta madrugada seis pessoas.


No sábado passado, um alegado “ato de rebelião” protagonizado por cerca de 300 elementos do Movimento Protetorado da Lunda Tchokwe (MPLT) que tentaram invadir uma esquadra de Cafunfo, acabou por causar seis mortes, segundo a polícia da Lunda Norte.


A versão da polícia é contrariada por populares e responsáveis do MPLT segundo os quais se tratou de uma tentativa de manifestação pacífica e previamente comunicada às autoridades, durante a qual morreram mais de 20 pessoas.


Organizações Não-Governamentais, bispos católicos e a oposição angolana condenaram o que dizem ter sido “um massacre” e pediram um inquérito independente sobre os acontecimentos.


O Movimento Protetorado da Lunda Tchokwe luta pela autonomia da região das Lundas, no Leste-Norte de Angola.


A autonomia da região das Lundas (Lunda Norte e Lunda Sul, no leste angolano), rica em diamantes, é reivindicada por este movimento que se baseia num Acordo de Protetorado celebrado entre nativos Lunda-Tchokwe e Portugal nos anos 1885 e 1894, que daria ao território um estatuto internacionalmente reconhecido.


Portugal teria ignorado a condição do reino quando negociou a independência de Angola entre 1974/1975 apenas com os movimentos de libertação, segundo o movimento.


Uma delegação da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que integra os deputados Alberto Ngalanela, Joaquim Nafoia, Domingos Oliveira, Sindiagani Bimbi e Rebeca Muaca, foi barrada à entrada de Cafunfo e aí se mantém desde quarta-feira.


O líder do maior partido da oposição angolana, Adalberto da Costa Júnior, afirmou na sexta-feira que a retenção de cinco deputados à entrada do Cafunfo é “a confissão clara do massacre praticado” na vila mineira, rica em diamantes, da Lunda Norte e da ocorrência de “operações de limpeza” na zona.


O Bureau Político do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder, criticou na sexta-feira as vozes que “se levantaram precipitadamente”, entre elas a UNITA, maior partido da oposição, para acusar as autoridades de terem cometido “um massacre contra supostos meros manifestantes”.


Numa declaração sobre os acontecimentos ocorridos em Cafunfo, município do Cuango, província da Lunda Norte, o partido sustenta que o Governo de Angola tem constatado que a maior liberdade de imprensa, de expressão, de reunião e de manifestação, promovida pelo Presidente João Lourenço “está a servir para promover o desrespeito à Constituição e à lei, aos símbolos nacionais, o desrespeito à autoridade instituída, ao património público e à propriedade privada”.


O que é “perigoso para a estabilidade político-social e contrária ao bom ambiente de negócios atrativo do investimento privado, que se vem criando ultimamente”, referiu-se na nota.


O órgão do MPLA criticou o maior partido da oposição e também algumas organizações da sociedade civil, que apontam o dedo às autoridades, acusando-as de terem cometido um massacre contra supostos manifestantes, salientando que “a Constituição da República de Angola estabelece que o território angolano é indivisível, inviolável e inalienável” e que será “energicamente combatida qualquer ação de desmembramento ou de separação de suas parcelas”.


Numa nota sobre o impedimento dos deputados em acederem à vila de Cafunfo, o Presidente da Assembleia Nacional (AN), Fernando da Piedade Dias dos Santos, declinou qualquer responsabilidade sobre eventuais constrangimentos e disse que a deslocação não foi feita no quadro de uma comissão parlamentar multipartidária, como seria recomendável.


“É de regra que os deputados não se podem deslocar sem a autorização do presidente da Assembleia Nacional”, esclarece a nota.



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